v. 39 n. Especial (2022): Dossiê Realidades da Educação Ambiental em Universidades Latino-Americanas
Há várias décadas, os atores envolvidos com a questão ambiental vêm passando por uma grande luta dentro das Universidades para posicionar a questão ambiental em todas as suas atividades de ensino, pesquisa, extensão e gestão. É preciso um ato imerso numa educação crítica, inclusiva e de qualidade para uma formação profissional que não responda a um modelo de desenvolvimento insustentável. Mas sim, uma formação de profissionais capazes de enfrentar a crise de civilização causada por problemas ambientais e injustiças sociais.
A humanidade precisa de profissionais com consciência ambiental, capazes de atuar com responsabilidade em seus campos de trabalho e como cidadãos que tenham o compromisso de superar as injustiças ambientais. As Universidades têm sido convocadas, desde a década de 1970, a incorporar a dimensão ambiental em suas funções substantivas. No entanto, apesar dos avanços, ainda há um longo caminho a percorrer para atender a essas aspirações.
As Universidades têm se concentrado em questões de gestão ambiental, certificações ambientais, bem como ativismo ambiental por atores específicos em projetos de sucesso. O meio ambiente, a sustentabilidade e temas afins estão presentes na atividade docente, nas ofertas de pós-graduação. Em algumas outras universidades existem programas de formação específicos nestas matérias e, em casos específicos, a oferta de uma disciplina em todos os programas de formação. No entanto, o impacto destas iniciativas na formação dos profissionais egressos é, sem dúvida, insuficiente, como afirmam alguns autores. Nesse cenário, é preciso reconhecer que existe um compromisso generalizado com a sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável em resposta às políticas institucionais e posições políticas do governo e do setor financeiro privado.
Em geral a Educação Ambiental é pouco discutida ou praticada dentro das Universidades, estando a mesma presente em planos de manejo, projetos específicos e programas de pós-graduação. Porém, é preciso que a Educação Ambiental, como um campo interdisciplinar de educação transformadora, esteja mais presente, a fim de contribuir para a constituição de profissionais críticos e ambientalmente sensíveis. Mas como garantir isto?
Muitas teses surgem sobre esses argumentos, e este Dossiê visa gerar a discussão e respostas às seguintes questões:
✓ Qual Educação Ambiental está sendo desenvolvida nas Universidades?
✓ Como as diferentes funções universitárias – ensino, pesquisa, extensão e gestão – dialogam com a Educação Ambiental?
Então, em um sentido crítico, possivelmente autocrítico, como pensamos sobre a Educação Ambiental que flui em nossas instituições? Essa crítica tem que passar por nossa própria compreensão do meio ambiente, nossa futura aproximação com a realidade na qual estamos inseridos, além de conversar com os autores que se dedicaram a categorizar as diferentes abordagens da Educação Ambiental. É um diálogo com as funções de currículo, extensão, pesquisa e gestão, que precisa avançar para transformar as realidades ambientais para um possível futuro de bem-estar.
Com tudo isso, é um convite a pensar e discutir a Educação Ambiental presente nas instituições por meio de um artigo crítico que dialoga com a realidade acadêmica, onde cada pesquisador(a) desenvolve seus esforços, apontando a Universidade como um contexto complexo de múltiplos atores.
Nossas produções podem ser referências importantes dentro e fora de nossas Universidades para repensar as tarefas do futuro, tendo em vista a necessidade de avançar na formação ambiental de profissionais que pretendem enfrentar os desafios do futuro.