O CURRÍCULO DE LÍNGUA GESTUAL PORTUGUESA

passado, presente e futuro

Auteurs-es

DOI :

https://doi.org/10.14295/momento.v31i02.14189

Mots-clés :

Educação de surdos. Educação Bilingue. Língua Gestual Portuguesa. Políticas Educacionais. Programa Curricular.

Résumé

A Língua Gestual Portuguesa (doravante LGP) esteve durante décadas ligada à educação de surdos em Portugal. A sua gênese, encontra-se nos primeiros institutos fundados em Lisboa e Porto no século XIX, sendo nesses locais que se reuniram no mesmo espaço um número considerável de crianças e jovens surdos, que permitiu desenvolver sistemas de comunicação gestual. Durante o século XIX, as metodologias utilizadas na educação de surdos assentavam em sistemas de sinais e no alfabeto manual. Com o advento das metodologias oralistas introduzidas em Portugal, esses sistemas de comunicação gestual dentro da sala de aula foram banidos, mas os alunos surdos continuaram a desenvolver a sua comunicação gestual clandestinamente. A LGP apenas viria a ser resgatada na década de 80 e 90, do século XX, fruto das investigações levadas a cabo pela Universidade de Lisboa em parceria com a Associação Portuguesa de Surdos. Isso aconteceu em função das primeiras tentativas de implementação da educação bilíngue para alunos surdos, que teve como consequência a necessidade de ensinar a LGP como primeira língua aos alunos surdos e a construção de um programa curricular de LGP. Só com a publicação do Decreto-Lei 3/2008, que regula pela primeira vez educação bilingue para alunos surdos no seu artigo 23o, é publicado o primeiro programa curricular de LGP a nível nacional (DGIDC, 2008). Em 2018, foram publicados dois novos Decretos-Lei (54/2018 e 55/2018) que revogam o Decreto-Lei anterior e promovem a revisão curricular de todas as disciplinas escolares. Para compreender a eficácia do currículo do LGP 2008, realizamos um estudo exploratório. Entrevistamos quatro professores surdos da LGP, cujos resultados apontam para uma proposta de reformulação do currículo da LGP, respeitando a legislação publicada em 2018 e atendendo a realidade da população escolar surda atual.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Bibliographies de l'auteur-e

Helena do Carmo, Universidade Católica Portuguesa

Mestre, Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Católica Portuguesa, Portugal. 

Paulo Vaz de Carvalho, Universidade Católica Portuguesa

Doutor, Instituto de Ciências da Saúde: Linguística da Língua Gestual Portuguesa, Universidade Católica Portuguesa, Portugal. 

Références

Pe AGUILAR, Pedro Maria de. Instrução e Educação dos Surdos-Mudos (21-30). Lisboa: Empresa de Lucas Evangelista Torres, Biblioteca Nacional de Portugal, 1893.

AMARAL, M.A.; COUTINHO, A.; DELGADO-MARTINS, M.R. Para uma Gramática da Língua Gestual Portuguesa. Lisboa: Ed. Caminho, 1994.

ALVES, M.C. Educação Especial e Modernização Escolar: Estudo Histórico-Pedagógico da Educação de Surdos-Mudos e Cegos. Dissertação de Doutoramento, Instituto de Educação, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2012.

AR. Lei Constitucional no1/97 de 20 de Setembro. Diário da República, Iª Série – A, no 218. INCM, 1997.

BIKLEN, S.K.; BOGDAN, R.C. Investigação qualitativa na educação. Porto: Porto Editora, 1994.

BONNAL-VERGÊS, F. Langue des Signes Française (LSF): des lexiques des XVIII et XIX siécle. In: Sabria, Richard (Ed.). Les Langues des signes (LS): recherches sociolinguistiques et linguistique. Glottopol, Université de Rouen - Laboratoire Dylis, 2006, p. 160-190. Disponível em: . Acesso em: Maio 10 de 2010.

CARVALHO, P. Breve História dos Surdos no Mundo e em Portugal. Lisboa: Ed. Surd’universo, 2007.

CARVALHO, P. A Educação de Surdos na Casa Pia: Resenha histórica. Lisboa: Ed. Casa Pia de Lisboa/ Althum.com, 2019.

CANON, J.; GUARDINO, C.; GALIMORE, E. A New Kind of Heterogenity: What we can learn from d/Deaf and hard of hearing multilingual learners. American Annals of the Deaf, vol. 161, n. 1, p. 8-16, 2016.

CLARK, T. The assessment and development of deaf children with multiple challenges. In: KNOORS, H.; MARSCHARCK, M. (Eds.) Evidence-Based Pratice in Deaf Education. Oxford University Press, 2018.

CUNHA, J.C. História do Instituto dos Surdos-Mudos e Cegos de Lisboa, desde a sua Fundação à sua incorporação na Casa Pia de Lisboa. Lisboa, 1835.

DA COSTA, A. No Minho. Lisboa: Imprensa Nacional, 1874.

FUSSILIER, A. Esboço histórico do ensino dos surdos-mudos em Portugal. Estudo apresentado ao Congresso pedagógico hispano-português-americano realisado em Madrid em Outubro de 1892.

GIL, A. Como elaborar projetos de pesquisa. 4a Ed. Sao Paulo: Atlas, 2008.

GREGORY, S. Sign Language and education of deaf pupils. Disponível em: <https://www.batod.org.uk/information/sign-language-and-the-education-of-deaf-pupils/>. British Association of Teachers of the Deaf, 2017. Acesso em: 16 de Setembro de 2021.

KNOORS, H.; MARSCHARCK, M. (Eds.). Evidence-Based Pratice in Deaf Education. Oxford University Press, 2018.

LOURENÇO, A.J. Breve Resumo Histórico da Educação de Surdos em Portugal. Revista A Criança Surda, n. 3, p.76-102, 1956.

MARZANO, R.J. Building background knowledge for academic achievement. Alexandria, VA: ASCD, 2004.

MAY, T. Pesquisa social: questões, métodos e processos. Porto Alegre: Artmed, 2004.

MERTZANI, M. Learning materials for Greek Sign Language as a First Language. Revista Espaço Ines, v. 45, p. 111-131, 2016.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO/ Direção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular (ME/ DGIDC), Programa Curricular de Língua Gestual Portuguesa. Lisboa, 2007.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Decreto-Lei 3/2008, de 7 de Janeiro. Diário da República, I Série, n. 4. Lisboa: INCM, 2008, p. 154-164.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Decreto-Lei n.º 54/2018, de 6 de julho. Diário da República n.129, Série 1. Lisboa: INCM, 2018.

MINISTÉRIO DO REINO. Diário das Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portugueza, 1822.

MITCHELL, R.E.; KARCHMER, M.A. When Parents Are Deaf Versus Hard of Hearing: Patterns of Sign Use and School Placement of Deaf and Hard-of-Hearing Children. The Journal of Deaf Studies and Deaf Education, vol. 9, n. 2, p. 133–152, 2004.

PINHO E MELO, A.; MORENO, C.; AMARAL, I.M.; SILVA, M.L.D.; DELGADO-MARTINS, M.R. A criança deficiente auditiva: situação educativa em Portugal. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1984.

PRATA, M.I. Mãos que falam. Lisboa: D.G.E.B, 1980.

RICHARDSON, R. Pesquisa Social: métodos e técnicas. Sao Paulo: Atlas, 1999.

SANTOS, A. O ensino dos Surdos-Mudos em Portugal. Lisboa: Tipografia Casa Portuguesa, 1913.

SELLTIZ, W. Métodos de pesquisa nas relações sociais. Sao Paulo: EPU, 1987.

UNESCO. Declaração de Salamanca e o Enquadramento da Acção – Necessidades Educativas Especiais. Adaptado pela Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade. Salamanca, 1994.

Téléchargements

Publié-e

2022-07-28

Comment citer

Carmo, H. do, & Carvalho, P. V. de. (2022). O CURRÍCULO DE LÍNGUA GESTUAL PORTUGUESA: passado, presente e futuro. Momento - Diálogos Em Educação, 31(02), 46–68. https://doi.org/10.14295/momento.v31i02.14189