RACISMO, EDUCAÇÃO E COVID-19

é possível uma educação libertária em tempos de ensino remoto?

Autores

  • Érika Elizabeth Vieira Frazão Universidade Federal Fluminense
  • Eleonora Abad Stefenson PPG Educação
  • Gustavo Junger da Silva UERJ

DOI:

https://doi.org/10.14295/momento.v30i02.13213

Palavras-chave:

Educação democrática, Ensino remoto, Discriminação racial

Resumo

O presente artigo tem por objetivo se inscrever nas disputas políticas em torno de significações de escola/educação pública democrática contribuindo com reflexões acerca das possibilidades e desafios de se pensar e defender um ensino democrático no cenário pandêmico da Covid 19 e de crise política, que tem acentuado de forma exponencial as desigualdades sociais, econômicas e raciais existentes na sociedade brasileira. Devido ao panorama sanitário atual, diversas experiências de ensino remoto têm sido experimentadas pelas escolas, desdobrando-se em novas questões e readaptações para todo o sistema escolar. Neste artigo, analisaremos o ambiente de implementação do ensino remoto na educação básica, bem como delinear alguns dos novos desafios colocados a uma perspectiva de educação como prática libertária. Na primeira parte do texto, nos debruçamos sobre o conceito de democracia em diálogo com autores que o significam para além do campo do liberalismo político. Na segunda parte, apresentamos e analisamos os dados da PNAD Contínua TIC 2018.buscando compreender a realidade do país no momento pré-pandemia no que se refere às condições habitacionais, em particular de acesso à Internet, dos domicílios brasileiros imersos em um contexto de profundas desigualdades socioespaciais que marcam o território nacional. Por fim, analisamos a situação dos estudantes brasileiros no atual contexto e refletimos sobre possibilidades de práticas democráticas nas relações escolas-estudantes. Possibilidades que se constroem para além do acesso – contribuindo para a superação do passado colonial brasileiro e a construção de uma autêntica democracia racial.

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Biografia do Autor

Érika Elizabeth Vieira Frazão, Universidade Federal Fluminense

Érika Elizabeth Vieira Frazão é mulher negra, mãe, professora de história, doutora em Educação pelo PPGE-UFRJ (2018) e Mestre em Educação pelo PPGE/UFRJ (2014). Atualmente é Professora Adjunta de Relações Étnico-Raciais na Escola na Universidade Federal Fluminense (UFF). É líder do Laboratório de estudo de Relações Étnico-Raciais e Subjetividades (LabErês/UFF/CNPq) na Faculdade de Educação da UFF, cujo objetivo é reunir professores e estudantes em torno de pesquisas que visam descolonizar os currículos acadêmicos e escolares por meio de uma luta antirracista e feminista. Sou Membro do Grupo de Estudos Linguagem, Educação, Docência e Diversidade (GELEDD/UFF), Integrante do Laboratório de Ensino de História (LEH -UFF), do Projeto de Extensão Literatura, Infância e Formação (FE/UFF), Pesquisadora do Grupo de Estudos Currículo, Conhecimento e Ensino de História (GECCEH/UFRJ/CNPq).Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Ensino de História, atuando principalmente nos seguintes temas: relações étnico-raciais, currículo, feminismo negro, literatura negro brasileira, musicalidade antirracista, intelectualidade negra, subjetividades, teoria do discurso, democracia.

Eleonora Abad Stefenson, PPG Educação

Eleonora Abad Stefenson:Professora de História da Rede Estadual do Rio de Janeiro (SEEDUC-RJ)onde atua no Colégio Estadual Guilherme Briggs.Doutoranda em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal Fluminense(UFF)e mestre em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Possui graduação em Abi -História pela Universidade Federal Fluminense (2009), Especialização em Saberes e Práticas da Educação Básica -(eixo: Políticas Públicas e Projetos Sócio-Culturais em Espaços Escolares) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2012). Atuou como supervisora do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência(PIBID) na área de História (2014-2017).

Gustavo Junger da Silva , UERJ

Doutor em Geografia pelo Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro(PPGEO-UERJ/2014) é pesquisador associado ao Núcleo Interdisciplinar de Estudos Migratórios (NIEM), ao Observatório das Migrações Internacionais (OBmigra), e aoNúcleo de Estudos Água, Riscos e Territórios (NEART). Possui licenciatura e bacharelado em Geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) (2005), especialização em Relações Internacionais pela UniversidadeCândidoMendes(UCAM) (2010) e mestrado em Geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) (2014) . É técnico da Coordenação de População e IndicadoresSociais(Copis) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE), ondefaz parte do Grupo de Trabalho sobre Habitação e Exclusão Habitacional.      

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Publicado

2021-11-19

Como Citar

Frazão, Érika E. V., Stefenson, E. A., & Silva , G. J. da. (2021). RACISMO, EDUCAÇÃO E COVID-19: é possível uma educação libertária em tempos de ensino remoto? . Momento - Diálogos Em Educação, 30(02), 75–106. https://doi.org/10.14295/momento.v30i02.13213

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