“EU TÔ TENTANDO SOBREVIVER NO INFERNO”

currículos, precariedades pandêmicas e resistências em educação musical

Autores

  • Wenderson Silva Oliveira Universidade Estadual do Ceará
  • Isabel Maria Sabino de Farias Universidade Estadual do Ceará - UECE

DOI:

https://doi.org/10.14295/momento.v30i02.13160

Palavras-chave:

Currículos, Educação Musical, Cotidiano Escolar, Pandemia

Resumo

Desde março do ano de 2020 o Brasil vive a pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), e se transformou em um dos países que mais sofrem com uma política que precariza as vidas da população, sobretudo de pessoas com deficiência, pobres, LGBT, negras/os, indígenas e outras tantas que são sumariamente ignoradas pela necropolítica, que dita quem pode viver e quem deve morrer. O ensino de música na Educação Básica no Brasil, na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), desconsidera a diversidade étnico-racial, de gênero, sexual, corporal e de classe, e com isso provoca um aniquilamento de saberes múltiplos que decorrem das mais diversas práticas musicais presentes no país. Ao levar em conta esse cenário de exclusão promovido pela BNCC e as violências às minorias sociais, este artigo objetiva problematizar currículos em educação musical e as precariedades provocadas pelo estado pandêmico. Pretendemos, a partir das vivências de uma de nós como professora de música no município de Sobral/CE, discutir como temos produzido currículos que, em aliança, resistem e enfrentam as formas precárias as quais nossos corpos são submetidos, currículos que proporcionam possibilidades das múltiplas corporeidades existirem, como nos mostra Felipe, aluno transexual masculino do nono ano do ensino fundamental. Lançamos essas palavras para pensar possibilidades curriculares a partir de nossa luta por uma educação musical justa, inclusiva e democrática.

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Biografia do Autor

Wenderson Silva Oliveira, Universidade Estadual do Ceará

Doutorando em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual do Ceará (PPGE/UECE). Mestre em Música pelo Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade Federal de Uberlândia (PPGMUS/UFU). Licenciado em Música -Canto pelamesma instituição. Membro/Pesquisador do Grupo de Pesquisa EDUCAS (Educação, Cultura Escolar e Sociedade), vinculado ao PPGE/UECE. Atualmente é professor efetivo da Secretaria Municipal de Educação do município de Sobral/CE, atuando como Professor de Artes/Música na Educação em Tempo Integral (Laboratório de Artes/Educação Musical). Desenvolve pesquisas com gênero, raça e sexualidade nos currículos em Educação Musical.

Isabel Maria Sabino de Farias, Universidade Estadual do Ceará - UECE

Professora Associada do Centro de Educação da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da UECE (supervisora de pós-doutorado e orientadora de doutorado, mestrado, especialização, graduação e iniciação científica). Possui Estágio Pós-Doutoral em Educação pela Universidade de Brasília (UNB); Doutorado e mestrado em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Ceará (UFC); Especialista em Metodologia do Ensino Superior pela PUC/MG; Licenciada em Pedagogia pela UECE.Líder do grupo de pesquisa Educação, Cultura Escolar e Sociedade (EDUCAS). Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq -Nível 2.

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Publicado

2021-11-19

Como Citar

Oliveira, W. S., & Farias, I. M. S. de . (2021). “EU TÔ TENTANDO SOBREVIVER NO INFERNO”: currículos, precariedades pandêmicas e resistências em educação musical. Momento - Diálogos Em Educação, 30(02), 197–219. https://doi.org/10.14295/momento.v30i02.13160

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