A EDUCAÇÃO DE SURDOS NO BRASIL IMPERIAL A PARTIR DOS ALMANAKS DO AMIGO DOS SURDOS MUDOS (1888-1889)
DOI:
https://doi.org/10.63595/momento.v34i3.19765Palavras-chave:
Educação dos Surdos, História da Educação, Brasil Império, Método Oral.Resumo
Este artigo apresenta uma pesquisa histórica sobre a educação de surdos no Brasil imperial,
tendo como fontes centrais os Almanaks do Amigo dos Surdos Mudos, publicados nos anos de 1888 e
1889. Estes documentos foram elaborados pelo então Instituto Imperial dos Surdos-Mudos, hoje
Instituto Nacional de Educação de Surdos, e constituem uma valiosa expressão das práticas, discursos e
intenções pedagógicas direcionadas à população surda no final do século XIX. A pesquisa tem como
objetivo geral analisar, à luz da História Cultural, as práticas pedagógicas, concepções educacionais,
estratégias institucionais e discursivas presentes nos “Almanaks do Amigo dos Surdos Mudos (1888–
1889)”. A pesquisa fundamenta-se nos pressupostos da História Cultural, conforme Roger Chartier, e
dialoga com autores como Rocha (2013) e Souza (2008, 2013), buscando compreender esses
almanaques que funcionavam como dispositivos de intervenção educacional, cultural e política. Ao
analisar a materialidade, os conteúdos e os objetivos comunicacionais dessas publicações, a pesquisa
visa descortinar as disputas entre os métodos oralista e gestualista, bem como as estratégias
institucionais de propaganda, sensibilização e prestação de contas utilizadas pelo Instituto. A análise
evidenciou as tensões entre os dois métodos citados e as estratégias do Instituto para consolidar um
projeto educacional voltado à normalização da surdez. Conclui-se que os almanaques representam não
apenas registros institucionais, mas instrumentos de visibilidade e controle social, cuja compreensão
contribui para a valorização da memória da Educação Especial no Brasil
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