O maquinário da Indústria Cultural por trás dos Jogos de Aposta Esportiva

considerações a partir de um Projeto de Educação Popular em Ciências

Resumo

A regulamentação dos jogos de aposta esportiva no Brasil impulsionou a publicidade que utiliza estratégias visuais e emocionais para atrair consumidores, principalmente o público jovem. A Indústria Cultural, através de suas propagandas, promove uma ideologia de consumo das bets com uma falsa sensação de liberdade para o consumo. Este artigo apresenta um relato de experiência de uma oficina que analisou percepções e desenvolveu uma reflexão crítica sobre a Indústria Cultural e as propagandas de bets. Para coletar os dados, utilizamos um questionário e as observações das discussões sobre as propagandas. Os dados das observações da oficina foram analisados à luz do referencial metodológico de Mikhail Bakhtin. Constatamos que a maioria dos estudantes conhece os possíveis impactos das bets, como perdas financeiras e vícios, e que as propagandas incentivam o consumo através de diversos mecanismos, principalmente utilizando celebridades. Os estudantes identificaram várias motivações para o consumo de jogos de apostas, incluindo pagar dívidas, ganhar dinheiro, falta de emprego, diversão e influências das propagandas. Uma parcela dos participantes criticou as propagandas de apostas por serem enganosas e entediantes. Elas são vistas como desnecessárias e ativam gatilhos em indivíduos com histórico de dependência. A partir das observações deste relato de experiência, reconhecemos a pedagogia da Redução de Danos como uma forma eficaz de sensibilizar sobre o consumo de jogos de aposta, considerando os múltiplos fatores e contextos histórico-culturais que influenciam esse comportamento, promovendo um diálogo acolhedor e sem julgamentos.