Chamada para dossiê

2025-03-31

Este dossiê propõe apresentar estudos e pesquisas relacionadas à Educação Ambiental a partir das chamadas “epistemologias ecológicas” (Steil e Carvalho, 2014), desde a perspectiva de estudos móveis e sensoriais. Trata-se de refletir sobre o contexto e a produção de estudos e pesquisas, envolvendo questões teórico-metodológicas, buscando trilhar caminhos para uma Educação Ambiental menos antropocêntrica. Além disso, procurando romper com a excessiva ênfase dada ao papel do conhecimento intelectual nas produções acadêmicas (Payne, 2020), este dossiê temático busca explorar as dimensões sensoriais e afetivas do aprendizado ambiental. O título "Saber Sentir em Educação Ambiental" propõe justamente uma abordagem que vá além da simples aquisição e transmissão de informações, abrangendo abordagens em torno da perspectiva do movimento e da sensorialidade para Educação Ambiental e, das experiências de sentipensantes com a materialidade, a partir de suas dimensões corporais e afetivas (Rodrigues, 2019). Pretende-se, neste dossiê, abordar a dimensão móvel e sensorial, aproximando-nos desta enquanto processo educativo, envolvendo o social, material e corporal. A partir da contribuição da fenomenologia (e seus desdobramentos) buscamos refletir sobre as formas como percebemos a relação com outros humanos e não-humanos, participando da (multi)sensorialidade do mundo e da experiência. Assim, considerando os diferentes modos de conhecer através dos sentidos (Howes, 1991; Pink, 2009), objetivamos estabelecer um diálogo entre variadas abordagens metodológicas, com ênfase na experiência enquanto processo constitutivo de saberes em seus modos de perceber e sentir. 

 

São esperados: 

- Ensaios teóricos ou trabalhos empíricos que tragam as práticas corporais como pilar para apreensão das experiências multissensoriais do mundo mais-que-humano. 

- Ensaios teóricos ou trabalhos empíricos que deem primazia ao movimento enquanto referencial teórico-metodológico. 

- Ensaios teóricos ou trabalhos empíricos que problematizem o antropocentrismo na nossa sociedade e busquem outras ontologias como maneiras de saber sentir. 

 

Os artigos que irão compor o dossiê devem ser enviados para avaliação de 05/04 a 20/06/2025, seguindo o processo de submissão no site da revista.
ATENÇÃO! A submissão do arquivo deverá ser realizada na seção: Dossiê “Saber sentir em Educação Ambiental: epistemologias ecológicas, estudos móveis e sensoriais”

ARTIGOS QUE NÃO ATENDEM À PROPOSTA DO DOSSIÊ NÃO SERÃO ACEITOS

 

Histórico dos proponentes 

Gianpaolo Knoller Adomilli: Doutor em Antropologia Social (UFRGS). Docente do Programa de Pós-graduação em Educação Ambiental da Universidade Federal do Rio Grande (PPGEA/FURG). Coordena o Núcleo de Estudos Saberes Costeiros e Contra Hegemônicos (NECO), vinculado às áreas de Educação Ambiental e Antropologia. Desenvolve estudos sobre saberes costeiros e contra hegemônicos desde uma perspectiva móvel e sensorial, principalmente junto a coletivos que vivem/habitam/circulam em ambientes marítimo costeiros, com foco nos seguintes temas: territorialidades, ambientes e aprendizagens. 

 

Valéria Ghisloti Iared: Doutora em Ciências (UFSCar). Professora Adjunta da Universidade Federal do Paraná (Setor Palotina) e professora permanente do Programa de Pós-graduação em Educação/ UFPR e do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências, Educação Matemática e Tecnologias Educativas/UFPR. Faz parte do Grupo de Pesquisa em Educação Ambiental e Cultura da Sustentabilidade. É uma das editoras chefes do periódico Pesquisa em Educação Ambiental.  

 

Gustavo Ruiz Chiesa: Doutor em Ciências Humanas - Antropologia Cultural (UFRJ). Professor Adjunto do Instituto de Ciências Humanas e da Informação da Universidade Federal do Rio Grande (ICHI/FURG). Coordenador do Núcleo de Estudos em Antropologia e Arqueologia da Religião e do Sagrado (NUERS). Atualmente desenvolve o projeto de pesquisa "Integrando pessoas, coisas e lugares: caminhos para o desenvolvimento de uma percepção sagrada do ambiente", cujo objetivo fundamental é conhecer e aprender com os distintos modos contra hegemônicos de perceber e se relacionar com o ambiente e todos os seus habitantes. 

 

Sergio Toro Arevalo: Doutor em Ciências da Educação (Pontificia Universidad Católica de Chile). Professor de Educação Física na Pontifícia Universidade Católica de Valparaíso, Pós-Graduação em Psicologia e Sociologia do Esporte pela Universidade Alemã do Esporte de Colônia. Possui Pós-doutorado em Motricidade e Fenomenologia pela Universidade Federal de São Carlos.  Professor visitante da Universidade Surcolombiana da Colômbia e da Universidade Federal de São Carlos. Membro da Sociedade Brasileira de Pesquisa Qualitativa em Motricidade Humana e da Rede Internacional de Pesquisadores em Motricidade Humana. 

 

Referências 

CHIESA, G. R.; BRITO, L. G. Learning to walk with turtles: steps towards a sacred perception of the environment. Environmental Values, v. 31, p. 177-192, 2022. 

HOWES, David. 1991. The varieties of sensory experience: A Sourcebook in the Anthropology of the Senses, Toronto: University of Toronto Press 

PAYNE, P. “Amnesia of the moment” in environmental education. The Journal of Environmental Education, v. 51, n. 2, p. 113-143, 2020. DOI: 10.1080/00958964.2020.1726263 

PINK, Sarah. Doing Sensory Ethnography London: SAGE Publications Ltd. 2009 

RODRIGUES, C. A ecomotricidade na apreensão da natureza: inter-ação como experiência lúdica e ecológica. Desenvolvimento e Meio Ambiente, v. 51, Edição Especial, p. 8-23, 2019. STEIL C., CARVALHO, I. C. M. Epistemologias ecológicas. Mana, v. 20, n.1, p. 163-183, 2014.