Entre discriminação explícita e velada: Experiências de alunas de física na educação superior

Autores

  • Érica Jaqueline Soares Pinto Universidade Federal de Paraíba, João Pessoa, Paraíba.
  • Valquíria Gila de Amorim Universidade Federal da Paraíba - UFPB
  • Maria Eulina Pessoa de Carvalho Universidade Federal da Paraíba - UFPB.

Resumo

Apesar de serem maioria do alunado da educação superior, a presença de mulheres continua rara no curso de Física. Este artigo examina as experiências acadêmicas de alunas docurso de Física. Utilizou-se uma abordagem qualitativa através de entrevistas com duas graduandas, cinco graduadas e duas desistentes do curso de Física de uma instituição de ensino superior pública, no Nordeste do Brasil. A análise mostra uma cultura masculina com práticas preconceituosas e discriminatórias explícitas e implícitas nas relações entre colegas e professores. O clima frio revela um modelo de estudante de Física: extremamente estudioso e antissocial. Jovens mulheres, mesmo que apresentem bom desempenho acadêmico, são vistas com estranhamento, como incompatíveis com a dureza do curso ou como objetos sexuais. Algumas desistem e outras resistem; estas últimas, para serem aceitas e reconhecidas, sentem-se pressionadas a destacar-se mais do que os homens.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Érica Jaqueline Soares Pinto, Universidade Federal de Paraíba, João Pessoa, Paraíba.

Doutoranda do PPG Educação pela Universidade Federal da Paraíba - UFPB. Mestre em Educação pela UFPB. Graduada em Pedagogia pela UFPB

Valquíria Gila de Amorim, Universidade Federal da Paraíba - UFPB

Mestre em Educação pela Universidade Federal da Paraíba - UFPB. Graduada em Pedagogia pela UFPB.

Maria Eulina Pessoa de Carvalho, Universidade Federal da Paraíba - UFPB.

Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal da Paraíba. Mestre em Psicologia Educacional pela Universidade Estadual de Campinas e PhD em Currículo, Ensino e Política Educacional pela Michigan State University, USA. Pós-doutorado na Universidade de Valencia, Espanha. Professora titular da Universidade Federal da Paraíba. Bolsista de produtividade CNPq.

Referências

AGRELLO, D. A. e GARG, R. Mulheres na física: poder e preconceito nos países em desenvolvimento. Revista Brasileira Ensino Física, São Paulo-SP, Vol.31, n.1, p. 1305.1-1305.6, 2009.

ÁVILA, M. B.; FERREIRA, V. (Org). Trabalho remunerado no cotidiano das mulheres. SOS CORPO Instituto Feminista para a Democracia; Instituto Patrícia Galvão. Recife: SOS Corpo, 2014.

BENITO, M. J. I. Cuidado y provisión: el sesgo de género en las prácticas universitarias y su impacto en la función socializadora de la universidad. Universitat Autonòma de Barcelona; Ministerio de Trabajo Y Asuntos Sociales. Barcelona, 2008.

BLICKENSTAFF, J. C. Women and science careers: leaky pipeline or gender filter? Gender and Education, v. 17, n. 4, p. 369-386, October 2005.

BOTT, E. Família e rede social. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1976.

BRASIL. Plano nacional de políticas para as mulheres. Brasília: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, 2004. Disponível em: <http://spm.gov.br/pnpm/plano-nacionalpoliticas-mulheres.pdf>. Acesso em: 18 jan. 2014.

______. II Plano nacional de políticas para as mulheres. Brasília: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, 2008. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ II_PNPM.pdf>. Acesso em: 18 jan. 2014.

______. III Plano nacional de políticas para as mulheres. Brasília: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, 2013. Disponível em: <http://spm.gov.br/pnpm/publicacoes/pnpm2013-2015-em-22ago13.pdf>. Acesso em: 13 mar. 2014.

______. Brasil. Plano Nacional de Educação 2014-2024: Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2014. Disponível em: . Acesso em: 01 jan. 2015.

BRUSCHINI, C.; RICOLDI, A. M. Revendo estereótipos: o papel dos homens no trabalho doméstico. Estudos Feministas, Florianópolis-SC, v. 20, n. 1, p. 259-287, 2012.

BURGER, C.; ABBOTT, G.; TOBIAS, S.; KOCH, J.; VOGT, C.; SOSA, T. Gender equity in science, engineering, and technology. In: KLEIN, Susan S. (Gen. Ed.). Handbook for Achieving Gender Equity through Education. 2. ed. New York and London: Routledge, 2010. p. 255-279.

CARTAXO, S. M. C. Gênero e Ciência: um estudo sobre as mulheres na Física. 2012, 126f. Dissertação (Mestrado em Política Científica e Tecnologia) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2012.

CARVALHO, M. E. P. de. Relações de gênero em cursos masculinos: engenharias mecânica e civil, física, matemática e ciência da computação. Projeto de Pesquisa. Processo: 471892/2014-9. Chamada MCTI/CNPQ/MEC/CAPES Nº 22/2014 - Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas. PPGE, NIPAM, Centro de Educação, Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, 2014.

CARVALHO, M. E. P. de; RABAY, G. Gênero e Educação Superior: apontamentos sobre o tema. João Pessoa: Ed. UFPB, 2013.

CNPQ - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Meninas e jovens fazendo Ciências Exatas, Engenharias e Computação. Chamada Pública Nº 18/2013 MCTI/CNPq/SPM-PR/Petrobras. Disponível em: <http://www.cnpq.br/web/guest/chamadaspublicas?p_p_id=resultadosportlet_WAR_resultadoscnpqportlet_INSTANCE_0ZaM&filtro=abertasdetalha=chamadaDivulgada&idDivulgacao=4341>. Acesso em: 15 fev. 2014.

COOPER, J.; EDDY, P.; HART, J.; LESTER, J.; LUKAS, S.; EUDEY, B.; GLAZER-RAYMO, J.; MADDEN, M. Improving gender equity in postsecondary education. In: KLEIN, S. S. (Gen. Ed.). Handbook for Achieving Gender Equity through Education, New York and London: Routledge, 2010, 2. ed., p.631-653.

COSTA, M. C. da. Ainda somos poucas: exclusão e invisibilidade na ciência. Cadernos Pagu, Campinas – SP, n. 27, p. 455-459, 2006.

CRUZ, M. H. Mapeando as diferenças de Gênero no Ensino Superior da Universidade Federal de Sergipe. São Cristóvão: Editora UFS, 2012.

DANIELSSON, A. T. Exploring woman university physics students ‘doing gender’ and ‘doing physics’. Gender and Education. London, UK, v. 24, n. 1, January, p. 25- 39, 2012.

DELPHY, C. Patriarcado (teorias do). In: HIRATA, H. et al. (Orgs.). Dicionário crítico do feminismo. São Paulo: Editora UNESP, 2009, p. 173-178.

DUARTE, Rosália. Pesquisa qualitativa: reflexões sobre o trabalho de campo. Cadernos de pesquisa, São Paulo-SP, v. 115, n. 1, p. 139-54, 2002.

FREITAS, M. E. Assédio moral e assédio sexual: faces do poder perverso nas organizações. RAE, São Paulo-SP, v. 41, n. 2, p. 8-19, 2001.

GARDINER, B. Mulheres são minoria em segmento que muda o mundo: a computação. Folha de São Paulo, 18 mar. 2013. Tec (online). Disponível em: <http://www1.folha.uol.com. br/tec/2013/03/1247285-mulheres-sao-minoria-em-segmento-que-esta-muda-o-mundo-a-computacao.shtml>. Acesso em: 08 mai. 2014.

HILL, C.; COBERT, C.; ST ROSE, A. Why so few? Woman in science, technology, engineering and mathematics. American Association of University Women, Washington DC: AAUW, 2010.

INEP. Censo da educação superior: 2011 – Resumo Técnico. Brasília: INEP, 2013.

LEONARD, D. A woman´s guide to doctoral studies. Maidenhead: Open University Press, Philadelphia-USA, 2001.

LOMBARDI, M. R. Engenheiras brasileiras: inserção e limites de gênero no campo profissional. Cadernos de pesquisa, São Paulo-SP, v. 36, n. 127, p. 173-202, 2006.

______. Engenheira e gerente: desafios enfrentados por mulheres em posições de comando na área tecnológica. In: COSTA, A. O. et al. (Orgs). Mercado de trabalho e gênero: comparações internacionais. Rio de Janeiro: FGV, 2008. p. 387-402.

LOURO, G. L. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis: Vozes, 2011.

MELO, H.; RODRIGUES, L. Pioneiras da Ciência no Brasil. Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: <http://www.sbpcnet.org.br/site/ publicacoes/outras-publicacoes/livro_pioneiras.pdf>. Acesso em: 22 out. 2014.

MOTTA, A. B. da. Feminismo, gerontologia e mulheres idosas. In: BONNETI, A.; SOUZA, A. M. F. L. (Org.). Gênero, mulheres e feminismos. Salvador: EDUFB/NEIM, 2011, p. 71-92. (Coleção Bahianas, 14).

OLINTO, G. A inclusão das mulheres nas carreiras de ciência e tecnologia no Brasil. Inclusão Social, Brasília, v. 5, n. 1, p. 68-77, jul/dez 2011.

ÖHRN, E.; ANGERVALL, P.; GUSTAFSSON, J.; LUNDAHL, L.; NYSTRÖM, E. Gender and career in academia. In: NERA Congress in Trondheim, Norway, March 5-7, 2009. Disponível em: http://www.utbildning.gu.se/digitalAssets/1277/1277739_Nera.pdf. Acesso em: 22 out. 2014.

PINTO, E. J. S.; AMORIM, V. G. de. Gênero e educação superior: um estudo sobre as mulheres na Física. In: 37ª Reunião Nacional da ANPEd, GT23. 04 a 08 de outubro de 2015, UFSC – Florianópolis. Anais. Disponível em: <http://37reuniao.anped.org.br/wp-content/uploads/2015/02/Trabalho-GT23-3778.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2016.

PRESTON, A. E. Why have all the women gone? A study of exit of women from the science and engineering professions. The American Economic Review, Pittsburgh-USA, v.84, n.5, p.1446-1462, 1994.

ROSEMBERG, F. Educação formal, mulher e gênero no Brasil contemporâneo. Revista Estudos Feministas, São Paulo, v.9, n.2, jul/dez, p.515-540, 2001.

ROSEMBERG, F.; AMADO, T. Mulheres na escola. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 80, p. 62-74, 1992.

SAITOVITCH, E. Visão Pessoal de uma Física Latino-Americana. In: Pensando Gênero e Ciência. Encontro nacional de núcleos e grupos de pesquisas. Brasília-DF, 2006. Disponível em:<http://livros01.livrosgratis.com.br/br000014.pdf>. Acesso em: 20 out. 2014.

SCHIEBINGER, L. O feminismo mudou a ciência? Bauru: EDUSC, 2001.

UNESCO. Declaração Mundial sobre Educação Superior no Século XXI: Visão e Ação – 1998. Disponível em: http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Direito-aEduca%C3%A7%C3%A3o/declaracao-mundial-sobre-educacao-superior-no-seculo-xxi-visao-e-acao.html. Acesso em: 20 mai. 2013.

VASCONCELLOS, E. C. C.; BRISOLLA, S. N. Presença feminina no estudo e no trabalho da ciência na Unicamp. Cadernos Pagu, Campinas – SP, n. 32, p. 215-265, 2009.

VELHO, L.; LEÓN, E. A construção social da produção científica por mulheres. Cadernos Pagu, Campinas – SP, v. 10, p. 309-344, 1998.

WAISELFISZ, J. J. Mapa da Violência 2013 – Homicídio e Juventude no Brasil. Secretaria–Geral da Presidência da República; Secretaria Nacional de Juventude; Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Brasília, 2013. Disponível em: <http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2013/mapa2013_homicidios_juventude.pdf>. Acesso em 28 de set. 2014.

Downloads

Publicado

07-03-2017

Como Citar

Pinto, Érica J. S., Amorim, V. G. de, & de Carvalho, M. E. P. (2017). Entre discriminação explícita e velada: Experiências de alunas de física na educação superior. Diversidade E Educação, 4(8), 13–32. Recuperado de https://periodicos.furg.br/divedu/article/view/6737