PROTAGONISMO DOCENTE NA EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
resistência epistemológica em tempos de pandemia
DOI:
https://doi.org/10.14295/momento.v30i02.13220Palavras-chave:
Educação, Prática pedagógica, Pandemia, DCNERERResumo
O artigo sustenta que as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais (DCNERER) provocou um deslocamento epistêmico do currículo e das práticas pedagógicas ao questionar os saberes eurocêntricos que historicamente foram legitimados de maneira generalizante e universal e que silenciaram os saberes africanos e afro-brasileiros no território brasileiro. O estudo foi realizado pelos pesquisadores do Grupo de Pesquisa sobre relações raciais e formação de professores e se configura como pesquisa de natureza qualitativa, com abordagem teórica, inspirada nos estudos pós-coloniais. O campo observado foram as escolas públicas municipais de Campo Grande-MS. A hipótese a ser averiguada é o protagonismo do professor para garantir a efetivação das DCNERER e os conteúdos propostos sobre a valorização da cultura africana e afro-brasileira na educação básica no contexto da pandemia. Compreende-se que, com o aligeiramento na reorganização curricular e aulas remotas, manter as DCNERER é uma maneira de expressar uma resistência epistemológica em prol da defesa da escola democrática.
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