A VIA CRUCIS DO MENOR OU UMA POLÍTICA DO LUTO
UMA CRÍTICA DA VIOLÊNCIA NA CAMPANHA DA FRATERNIDADE (BRASIL, 1975-1987)
DOI:
https://doi.org/10.14295/de.v12i1.16786Abstract
As 15 estações do calvário de Jesus Cristo foram apropriadas pela Campanha da Fraternidade (CF) na quaresma de 1987 para tornar visível o problema do jovem marginalizado. Partindo de um arquivo textual e audiovisual, problematiza-se: como, ao constituir imageticamente o sujeito infantojuvenil vulnerabilizado, a CF fez usos do passado e operou uma política do luto sobre as vidas juvenis perdidas para a violência nos anos 1970/1980? A partir da crítica pós-estruturalista de Foucault e Butler o texto problematiza as condições de emergência da CF em três enfoques: analisa os usos do passado na interface entre os rostos de Cristo e do menor; cartografa as ações das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs); descreve as formas de participação infantojuvenil como políticas de subjetivação. Em termos metodológicos, opera-se com as ferramentas da arqueologia e da genealogia de Michel Foucault para descrever as materialidades enunciativas e as disputas na ordem do saber-poder por certa concepção do que era o jovem marginalizado, abrindo o caminho para uma crítica da subjetividade com a ótica pós-estruturalista de Foucault e Butler sobre os processos de sujeição. Conclui-se sobre a singularidade da luta por direitos humanos no início da redemocratização e as tensões operadas na configuração de um novo “sujeito de direitos”.
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