Modernidade, racionalidade e crise ambiental <BR> Modernity, rationality and environmental crisis
DOI:
https://doi.org/10.14295/remea.v31i1.4379Palavras-chave:
Modernidade, racionalidade ambiental, crise ambientalResumo
Neste artigo apresento uma crítica à modernidade como paradigma social que, ao instituir uma racionalidade antinatureza, fez-se base fundamental da crise ambiental, sem precedentes, que vivenciamos na atualidade, contribuindo, assim, na elaboração de uma história marcada por um sopro de destruição do ambiente pela via antropocêntrica da exploração dos recursos ecológicos e da produção social da pobreza. Procurei evidenciar que a insustentabilidade ambiental presente em nosso modo de pensar e produzir a vida consiste numa herança da modernidade que só pode ser superada se nos dispusermos, como civilização, à problematização da racionalidade elaborada nesse âmbito e constituirmos uma racionalidade ambiental, em sintonia com os processos ecológicos e o saber ambiental emergente do conhecimento da dinâmica da vida, por sua vez, instituinte de uma ética da responsabilidade. A reflexão aqui proposta, desse modo, procura articular à luz dos referenciais teóricos adotados, a crítica à modernidade, sua racionalidade e à patologia da hiperespecialização do saber, debatendo algumas consequências da modernidade como questão que demanda enfrentamento intelectual, epistêmico e ético.Downloads
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