A Escola e o corpo - antimestiçagem entre os Mbya Guarani<br>La Escuela y el cuerpo - Antimestizaje entre los Mbyá Guaraní<br>The School and the body - Anti Miscegenation among the Mbyá Guarani
DOI:
https://doi.org/10.14295/remea.v35i3.8130Palabras clave:
Mbya Guarani, Escola, Antimestiçagem.Resumen
“Somos seres divididos, temos na cabeça as coisas dos dois mundos”, afirmam os índios guaranis. Com isso parecem querer dizer que são, isto é, vivem ao mesmo tempo como índios e brancos. Certamente podemos caracterizar o movimento que empreendem através da escolarização das aldeias rumo ao mundo ocidental nos termos da teoria da mestiçagem, de sua transformação definitiva. Mas isto seria negligenciar o que contam os mbya acerca de sua experiência com os brancos. Entre eles, ao contrário, a experiência parece remeter a uma forma de pensar as relações inter-étnicas a partir do principio da não mistura, de manter a diferença como “estratégia” de convivência. É nesse sentido que este texto busca apreender a experiência escolar guarani, enquanto possibilidade de efetivação de uma estratégia de convivência pautada pelo princípio da não mistura. “Somos seres divididos, tenemos en la cabeza las cosas de dos mundos”, afirman los indios guaraníes. Esa afirmación parece querer decir que son, o sea, que viven al mismo tiempo como indios y como blancos. Esto nos orientaría a caracterizar el movimiento que emprenden a través de la escolarización de las aldeas rumbo al mundo occidental en los términos de la teoría del mestizaje, de una transformación definitiva. Sin embargo, eso significaría negligenciar lo que cuentan los Mbyá sobre su experiencia con los blancos. Entre ellos, al contrario de lo afirmado, la experiencia parece remitir a una forma de pensar las relaciones inter-étnicas a partir del principio de no mezclarse, de mantener la diferencia como “estrategia” de convivencia. Es en ese sentido que este texto busca comprender la experiencia escolar guaraní, como posibilidad de hacer efectiva una estrategia de convivencia pautada por el principio de no mezclarse. “We are divided human beings, we have in the head things of two worlds” say Guaranis Indians. By this they seem to mean they are, that is, they live at the same time as Indians and white men. We could certainly characterize the movement they undertake through village schooling towards the Western world in terms of the theory of miscegenation, of its ultimate transformation. But this would be to neglect what the mbya tell about their experience with white men. Among them, instead, the experience seems to refer to a way of thinking inter-ethnic relations from the principle of non-mixing. To keep the difference as a "strategy" of coexistence. It is in this sense that this text seeks to apprehend the Guarani school experience, as a possibility to implement a strategy of coexistence guided by the principle of non-mixing.Descargas
Citas
BERGAMASCHI, Maria Aparecida. Nhembo’e: enquanto o encanto permanece! Processos e práticas de escolarização nas aldeias Guaranis. Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Educação da UFRGS, 2005.
CLASTRES, Pierre. Arqueologia da violência: pesquisas de antropologia política. São Paulo: Cosac & Naify, 1980.
DELEUZE, Gilles. Cursos sobre Spinoza (Vincennes, 1978 -1981). Fortaleza: EdUECE, 2009.
HOFMANN, Angela Ariadne. Karai Nhe’e Katu: ‘aquele que fala sábias palavras’ – um campo de discussão da escola indígena entre os Guaranis. V ANPEDSul, 2004.
KELLY, José Antonio. Sobre a antimestiçagem. Curitiba, PR Species – Núcleo de Antropologia Especulativa: Desterro, Cultura & Barbárie, 2016.
PITARCH, Pedro. La cara oculta del pliegue – Antropología indígena. Cidade do México: Artes de México y del mundo S.A. de C.V. e CONACULTA, 2013.
SANTOS, Antônio Bispo dos. Colonização, quilombos, modos e significados. Brasília: Ed. UNB, 2015.
SCHADEN,Egon. Aspectos fundamentais da cultura guarani. Boletim 188, Antropologia 4. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1954.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia. São Paulo: Cosac & Naify, 2002.