A TECNOCIÊNCIA SUBSTITUI A ÉTICA?
DOI:
https://doi.org/10.14295/remea.v36i2.9187Palavras-chave:
Ética. Tecnociência. Princípio da responsabilidade.Resumo
Este artigo faz uma revisão de literatura sobre a proposta ética de Jonas (2006), em O princípio da responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização tecnológica. Tal princípio impõe como problema uma norma ética que obriga mais do que todas as morais escritas na história da humanidade, tornando-as, a partir desse momento, supérfluas. O objetivo é analisar o paradigma da tecnociência, no qual o saber e o poder fundiram-se segundo uma dinâmica da época, que encurta o espaço e torna o tempo mais veloz. A tecnociência promete a salvação e a eliminação da dor, mobilizando todos os recursos do planeta de maneira implacável, e propõe regras de conduta muito mais eficazes e constrangedoras do que qualquer ética. Os resultados indicam que a ação ética e o comportamento moral situam-se na confluência de uma finalidade ética do eu-com-o-outro-no-mundo, como centro ou fulcro. O eu, como agente da ação, implica a liberdade, a responsabilidade e a consciência do dever moral. Além das obrigações ético-morais, é preciso que se observem as leis emanadas de outras instâncias legítimas.Downloads
Referências
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