Percepção ambiental de alunos que viveram o maior desastre-crime ambiental do Brasil: implicações para a Educação Ambiental

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14295/remea.v37i1.9366

Palavras-chave:

crise socioambiental, injustiça ambiental, concepção de ambiente

Resumo

A percepção ambiental influencia e é influenciada pela educação ambiental, daí a importância do seu estudo. Assim, no contexto do maior desastre-crime ambiental do Brasil, ocorrido no Rio Doce, objetivou-se avaliar a concepção de ambiente e a percepção ambiental de estudantes que vivenciaram as consequências diretas desse desastre-crime. 140 alunos de duas escolas estaduais, situadas no centro da cidade de Colatina-ES, participaram desta pesquisa. A coleta de dados se deu a partir de questionários com questões abertas, cujas respostas foram categorizadas para a análise. Observou-se que mesmo vivendo em um contexto de injustiça ambiental, isso é pouco percebido pelos participantes da pesquisa. A maioria dos alunos revelou uma concepção antropocêntrica e/ou naturalista de meio ambiente, deixando explícita a necessidade de uma educação ambiental transformadora.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Aldineia Buss, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG/Instituto de Ciências Biológicas - ICB.

Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal da Universidade Federal de Minas Gerais - PPGBV/UFMG. Mestre em Biologia Vegetal pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU. Licenciada em Pedagogia e em Ciências Biológicas pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo - IFES.

Mariela Mattos da Silva, Universidade Federal do Espírito Santo – UFES/ Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal – PPGBV.

Doutora em Fisiologia Vegetal pela Universidade Federal de Viçosa – UFV. Mestre em Biologia Vegetal pela mesma instituição. Bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Espírito Santo – UFES.

Referências

ACSELRAD, Henri. Ambientalização das lutas sociais – o caso do movimento por justiça ambiental. Estudos Avançados, v. 24, n. 68, p. 103-119, 2010.

ACSELRAD, Henri. Mariana, novembro de 2015: a genealogia política de um desastre. In: ZHOURI, Andréa (Org.). Mineração, violências e resistências um campo aberto à produção de conhecimento no Brasil. 1.ed. Marabá, PA: Editorial iGuana; ABA, 2018. p. 155-174.

ANA/CBH-DOCE – Agência Nacional de Águas/Comitê da Bacia Hidrográfica do rio Doce. Encarte Especial sobre a Bacia do Rio Doce Rompimento da Barragem em Mariana/MG. Superintendência de Planejamento de Recursos Hídricos – SPR, Brasília, DF, 2016. Disponível em:<http://arquivos.ana.gov.br/RioDoce/EncarteRioDoce_22_03_2016v2.pdf >. Acesso em: 04 set. 2019.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. 70. ed. São Paulo: Persona, 1977.

BRASIL. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Brasília: Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm>. Acesso em: 25 fev. 2020.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental. O que o brasileiro pensa do meio ambiente e do consumo sustentável: Pesquisa nacional de opinião: principais resultados / Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental. Rio de Janeiro: Overview, 2012.

BRÜGGER, Paula. Educação ou adestramento ambiental? Florianópolis, SC: Letras Contemporâneas, 1994.

CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2004.

CENTRO TAMAR - Centro Nacional De Pesquisa e Conservação de Tartarugas Marinhas e Biodiversidade Marinha do Leste; DIBIO - Diretoria de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade; ICMBIO, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Nota Técnica nº 012/2016. Vitória, 2016. Disponível em:<http://www.icmbio.gov.br/portal/publicacoes?id=7862:documentos-rio-doce>. Acesso em: 04 set. 2019.

COELHO, Marco Antônio Tavares. Rio Doce: a espantosa evolução de um vale. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.

CBH-DOCE. Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce. A bacia. Disponível em: <http://www.cbhdoce.org.br/a-bacia/>. Acesso em: 15 mai. 2016.

COSTA, Ana Paula Bezerra; PAIVA, Maria do Socorro Diógenes; FILGUEIRA, João Maria. A inserção da educação ambiental na prática pedagógica: uma análise segundo a visão dos alunos dos cursos técnicos integrados do CEFET-RN. HOLOS, n. 22, p. 62-73, 2006.

COSTA, Joanne Régis; SOARES, José Edison Carvalho; TÁPIA-CORAL, Sandra; MOTA, Adelaide Moraes da. Percepção ambiental do corpo docente de uma escola pública rural em Manaus (Amazonas). Revista brasileira de educação ambiental. n. 7, p. 63-67, 2012.

CUNHA, Taiana; ZENI, Ana Lúcia. A representação social de meio ambiente para alunos de ciências e biologia: subsídio para atividades em educação ambiental. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental (REMEA), Rio Grande, RS, v. 18, p. 151-162, 2007.

DAVIDOFF, Linda L. Introdução à psicologia. São Paulo: 3.ed. Makron Books, 2001.

FAGIONATTO, Sandra. O que tem a ver percepção ambiental com a educação ambiental? São Paulo, mar, 2007.

FERNANDES, Elisabete Chirieleison; CUNHA, Ana Maria de Oliveira; MARÇAL JÚNIOR, Oswaldo. Educação ambiental e meio ambiente: concepção de profissionais da educação. In: MOREIRA, Marco Antonio (Org.). Anais do IV Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, Porto Alegre, mai. 2004.

FERNANDES, Valdir; SAMPAIO, Carlos Alberto Cioce. Problemática ambiental ou problemática socioambiental? A natureza da relação sociedade/meio ambiente. Desenvolvimento e Meio Ambiente, n. 18, p. 87-94, jul./dez. 2008.

FRAZÃO, Juliana Oliveira; SILVA, Jobson Martins da; CASTRO, Carla Soraia Soares de. Percepção ambiental de alunos e professores na preservação das tartarugas marinhas na praia de Pipa – RN. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental (REMEA), Rio Grande, RS, v. 24, jan./jul., 2010.

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 20 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1991.

GIVENS, Jennifer E; HUANG, Xiaorui; JORGENSON, Andrew K. Ecologically unequal exchange: A theory of global environmental injustice. Sociology Compass, v.13 p. 1-15, 2019.

GONÇALVES, Ricardo; PINTO, Raquel Giffoni; WANDERLEY, Luiz Jardim. Conflitos ambientais e pilhagem dos territórios na bacia do rio Doce. In: Antes fosse mais leve a carga: Reflexões sobre o desastre da Samarco/ Vale / BHP Billiton. ZONTA, Marcio; TROCATE, Charles (Orgs.) Marabá, PA, Editorial iGuana, 2016. p. 139-181.

GUIMARÃES, Mauro. Educação Ambiental Crítica. In: LAYRARGUES, Philippe Pomier (Coord.). Identidades da educação ambiental brasileira. Ministério do Meio Ambiente. Diretoria de Educação Ambiental. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2004.

IBAMA, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Laudo Técnico Preliminar: Impactos ambientais decorrentes do desastre envolvendo o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais. Diretoria de Proteção Ambiental - DIPRO Coordenação Geral de Emergências Ambientais – CGEMA, 2015. Disponível em: <https://ibama.gov.br/phocadownload/noticias/noticias2016/laudo_tecnico_preliminar_Ibama.pdf>. Acesso em: 04 set. 2019.

IBAMA, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Relatório de Vistoria. Diretoria de Uso Sustentável da Biodiversidade e Florestas, 2016. Disponível em: <http://www.ibama.gov.br/phocadownload/noticias/noticias2016/relatorio_de_vistoria.pdf>. Acesso em: 04 set. 2019.

KUHNEN, Ariane. Percepção ambiental. In: CAVALCANTE, Sylvia; ELALI, Gleice A. (Orgs.). Temas Básicos em Psicologia Ambiental. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. p. 250-266.

LOPES, Adelmo Cosendey. A educação ambiental na formação de professores (normalistas): um estudo das representações sociais – Volta Redonda, RJ: UniFOA, 2013.

LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo. Premissas teóricas para uma educação ambiental transformadora. Ambiente e Educação, Rio Grande, v.8, n.1, p.37-54, 2003.

LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo. Complexidade e dialética: contribuições à práxis política e emancipatória em educação ambiental. Educação e Sociedade, Campinas, v. 26, n. 93, p. 1473-1494, set./dez. 2005.

MALAFAIA, Guilherme; RODRIGUES, Aline Sueli de Lima. Percepção ambiental de jovens e adultos de uma escola municipal de ensino fundamental. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 7, n. 3, p. 266-274, jul./set., 2009.

MARQUES, Monique Sanches; NOGUEIRA Sandra M. A. De quem é essa terra? Os impactos sócio espaciais da mineração pós-rompimento da barragem de Fundão em Mariana/MG. Anais do XVII ENANPUR, v. 17 n. 1, 2017.

MARTINHO, Luciana; TALMONI, Jandira. Representações sobre meio ambiente de alunos da quarta série do ensino fundamental. Ciência & Educação, v. 13, n. 1, p. 1-13, 2007.

MELAZO, Guilherme Coelho. Percepção ambiental e educação ambiental: uma reflexão sobre as relações interpessoais e ambientais no espaço urbano. Olhares & Trilhas, Uberlândia, ano 6, n. 6, p. 45-51, 2005.

MENDONÇA, Francisco. Geografia socioambiental. Terra Livre, São Paulo n. 16 p. 139-158, 2001.

MINAS GERAIS, Secretaria de Estado e Desenvolvimento Regional, Política Urbana e Gestão Metropolitana (SEDRU). Avaliação dos efeitos e desdobramentos do rompimento da Barragem de Fundão em Mariana-MG. Relatório da Força-Tarefa. Belo Horizonte, 2016. Disponível em: <http://www.agenciaminas.mg.gov.br/ckeditor_assets/attachments/770/relatorio_final_ft_03_02_2016_15h5min.pdf >. Acesso em: 03 set. 2019.

MOLIN, R.F., PASQUALI, E.A., VALDUGA, A.T. Concepções de meio ambiente formulados por estudantes de diferentes níveis de ensino. In: VIII Congresso de Ecologia do Brasil, Caxambu (MG), p. 1-2. 2007.

MORIN, Edgar. Método IV: As ideias. O pensamento dissimulado (paradigmatologia). Porto Alegre: Sulina, 1998.

QUARANTELLI, E. L. A social science research agenda for the disasters of the 21 st century: theoretical, methodological and empirical issues and their professional implementation. In: PERRY, Ronald. W.; QUARANTELLI E. L. (Eds). What is a Disaster? New answers to old questions. USA: International Research Committee on Disasters, 2005. p. 325-396.

Rede Brasileira de Justiça Ambiental. 2001. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: <https://www.mma.gov.br/informma/item/8077-manifesto-de-lan%C3%A7amento-da-rede-brasileira-de-justi%C3%A7a-ambiental.html>. Acesso em: 24 fev. 2020.

REIGOTA, Marcos. Meio Ambiente e Representação Social. Questões da Nossa Época, v.41. São Paulo: Cortez, 1995.

RODRIGUES, Mariana Lima; MALHEIROS, Tadeu Fabrício; FERNANDES Valdir; DARÓS, Taiane Dagostin . A Percepção Ambiental Como Instrumento de Apoio na Gestão e na Formulação de Políticas Públicas Ambientais. Saúde e Sociedade, São Paulo, v.21, supl.3, p. 96-110, 2012.

SATO, Michèle. Educação ambiental. São Carlos: RiMa, 2003.

SAUVÉ, Lucie. Environmental Education and Sustainable Development: A Further Appraisal. Canadian Journal of Environmental Education, v.1 p. 7-34, Spring 1996.

SAUVÉ, Lucie; BERRYMAN, Tom; BRUNELLE, Renée. International proposals for environmental education: analysing a ruling discourse. In: LARISA, Grèce. International Conference in Environmental Education in the Context of Education for the 21st Century – Prospects and Possibilities. Out. 2000, p. 42-63.

SAUVÉ, Lucie. Educação Ambiental: possibilidade e limitações. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 2, p. 317-322, mai./ago. 2005.

SILVA, Alberto Dias Vieira da; MENDONÇA, Ana Waley; MARCOMIN, Fátima Elizabeti; MAZZUCO, Kátia Teresinha Mateus; BECKER, Randel Robson. Percepção ambiental como ferramenta para processos de educação ambiental na universidade. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental (REMEA), Rio Grande, RS, v. 27, jul./dez., 2011.

SOFFIATI NETTO, Aristides Arthur. A Cidade como Natureza e a Natureza da Cidade. Revista da Faculdade de Direito de Campos, ano 1, n. 1, jan./jun. 2000.

SORRENTINO, Marcos. Vinte anos de Tbilisi, cinco da Rio 92. A educação ambiental no Brasil. Debates Sócio Ambientais, São Paulo, v. 2, n. 7, p. 3-5, 1997.

SORRENTINO, Marcos; TRAJBER, Rachel; MENDONÇA, Patrícia. Educação ambiental como política pública. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 2, p. 285-299, mai./ago. 2005.

SOUSA, Cynthia Aves Félix de; ALVES, Arilde Franco; ANDRADE, Tânia Maria de;

TURÍBIO, Sinara Cybelle; NICODEMO, Silva; VITORINO, Gustavo Oliveira. A percepção ambiental de atores sociais de escolas públicas e privadas, em um bairro de João Pessoa (PB). Revista brasileira de educação ambiental, São Paulo, v. 12, n. 4, p. 180-191, 2017.

SOUZA, Dilmara Veríssimo de; ZIONI, Fabiola. Novas perspectivas de análise em investigações sobre meio ambiente: a teoria das representações sociais e a técnica qualitativa da triangulação de dados. Saúde e Sociedade, v.12, n.2, p. 76-85, 2003.

SOUZA, Pedro Paulo Saleme de; PEREIRA, Jorge Luiz de Góes. Representação social de meio ambiente e educação ambiental nas escolas públicas de Teófilo Otoni-MG. Revista Brasileira de Educação Ambiental, Rio Grande, v.6 p. 35-40, 2011.

TEIXEIRA, Lucas André; AGUDO, Marcela de Moraes; TOZONI-REIS, Marília Freitas de Campos. Sustentabilidade ou “terra de ninguém”? – Formação de professores e educação ambiental. Revista Trabalho, Política e Sociedade, v. 2, n. 2, p. 43-64, jan./jun. 2017.

URQUIZA, Antônio Hilário Aguilera; ROCHA Adriana de Oliveira. O desastre ambiental de Mariana e os krenak do Rio Doce. Veredas do Direito, Belo Horizonte, v.16, n.35, p.191-218, mai./ago., 2019.

VALENCIO, Norma. Da morte da Quimera à procura de Pégaso: a importância da interpretação sociológica na análise do fenômeno denominado desastre. In: VALENCIO, Norma; SIENA, Mariana; MARCHEZINI, Victor; GONÇALVES, Juliano Costa (Orgs.). Sociologia dos desastres construção, interfaces e perspectivas no Brasil. São Carlos: RiMa Editora, 2009. p. 3-18.

ZHOURI, Andréa; OLIVEIRA, Raquel; ZUCARELLI, Marcos; VASCONCELOS, Max. O desastre no rio doce: entre as políticas de reparação e a gestão das afetações. In: ZHOURI Andréa (Org.). Mineração, violências e resistências um campo aberto à produção de conhecimento no Brasil. 1.ed. Marabá, PA: Editorial iGuana; ABA, 2018. p. 28-64.

ZHOURI, Andréa; VALENCIO, Norma; OLIVEIRA, Raquel; ZUCARELLI, Marcos; LASCHEFSKI, Klemens; SANTOS, Ana Flávia. O desastre da Samarco e a política das afetações: classificações e ações que produzem o sofrimento social. Ciência e Cultura, São Paulo, v.68, n. 3, p.36-40, jul./set., 2016.

ZILLMER-OLIVEIRA, Tatiane; MANFRINATO, Márcia Helena Vargas. Percepção ambiental sobre “meio ambiente” e “educação ambiental” de seringueiros no sudoeste da Amazônia, Mato Grosso, Brasil. Revista Biotemas, v. 24, n.3, set. 2011.

Downloads

Publicado

2020-04-17

Como Citar

Buss, A., & da Silva, M. M. (2020). Percepção ambiental de alunos que viveram o maior desastre-crime ambiental do Brasil: implicações para a Educação Ambiental. REMEA - Revista Eletrônica Do Mestrado Em Educação Ambiental, 37(1), 47–67. https://doi.org/10.14295/remea.v37i1.9366