Ecopolítica: um novo horizonte para a biopolítica
DOI:
https://doi.org/10.14295/remea.v31i2.4596Palavras-chave:
Michel Foucault. Governamentalidade. Disciplina. Biopoder. Neoliberalismo. Ecopolítica.Resumo
Discutem-se os conceitos foucaultianos de biopoder e biopolítica, em termos de suas origens, usos e imbricações com a Modernidade e com a formação dos Estados modernos. Argumenta-se que a ecopolítica representa um novo horizonte e uma ampliação da biopolítica, na medida em que estende, do humano para o planetário, o papel conferido à vida. Para alguns autores, pode-se alargar a ecopolítica até mesmo para fora do nosso planeta. Em sintonia com Foucault – que inscreveu a biopolítica no quadro mais amplo de uma história da governamentalidade liberal – , sugere-se inscrevermos a ecopolítica no marco da governamentalidade neoliberal, de modo a falarmos até mesmo em uma cogovernamentalidade. Articulando a ecopolítica e a ecogovernamentalidade com o colapso do espaço e a progressiva desfronteirização contemporânea, sugere-se que é importante e urgente ressignificarmos o mais profundamente possível as relações entre o humano e o ambiental. Discute-se a problemática da apropriação que o neoliberalismo tem feito da ecopolítica bem como o caráter controlador, autoritário, utilitarista e excludente de certas práticas e políticas dirigidas à preservação ambiental e à ecologia. São feitos comentários sobre algumas relações entre a ecopolítica e a educação.Downloads
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