Apontamentos de pesquisas produzidas pelo NIPEEA como fluxos de reexistências de uma educação ambiental decolonial

Autores

  • Martha Tristão Universidade Federal do Espírito Santo

DOI:

https://doi.org/10.14295/remea.v38i3.13466

Palavras-chave:

Educação ambiental, Decolonial, Reexistências

Resumo

A educação ambiental decolonial será problematizada neste texto, a partir de algumas pesquisas desenvolvidas pelo Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa e Estudo em Educação ambiental (NIPEEA),[1] como uma máquina desejante, que pode engendrar linhas de fuga em meio ao poder axiomático do dispositivo da colonialidade. A educação ambiental decolonial promove fluxos decolonizadores que se articulam para além dos espaçostempos[2] comunitários-escolares, pois se pode articular como máquina, uma máquina desejanteambiental[3] que engendra fluxos de naturezasculturas.[4] E são esses fluxos cartografados nas pesquisas, como movimentos de reexistências, que criam possibilidades e facilitam uma Educação ambiental decolonial.

 

[1] O NIPEEA foi criado em 2005 e emergiu da necessidade de integração entre projetos que envolvem ensino, pesquisa e extensão, com vistas à consolidação de um grupo formado por professores e alunos dos cursos de graduação, mestrado e doutorado em Educação, do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE/Ufes) e de egressos interessados.

[2] Como uma imbricação entre os conceitos, Alves (2001) desenvolve uma concepção com a qual também dialogamos neste texto, que compreende o espaçotempo escolar como dimensão material do currículo, composto de relações múltiplas entre múltiplos sujeitos, com saberes múltiplos, que aprendem/ensinam, o tempo todo, múltiplos conteúdos e de múltiplas maneiras.

[3] Compreendemos a Educação ambiental como uma máquina desejante, em suas articulações com as comunidades-escolas. Assim, como uma imbricação entre os conceitos, chamamos de máquina desejanteambiental, essa Educação ambiental que reexiste para além das escolas.

[4] Buscamos, através dessa imbricação conceitual, mostrar a indissociabilidade entre as naturezas e as culturas, que são múltiplas e plurais em suas formas de existir.

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Biografia do Autor

Martha Tristão, Universidade Federal do Espírito Santo

Possui doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo (2001), mestrado em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo (1992) e Licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Espírito Santo (1980). Atualmente é professora titular do Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE) da UFES, nos cursos de Mestrado e Doutorado. Coordena o Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa e Estudo em Educação Ambiental (NIPEEA) no Centro de Educação da UFES. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Ambiental e suas relações pensamento pós-colonialista, com pesquisas que envolvem, principalmente, os seguintes temas: as relações entre o lugar, as culturas e as produções narrativas de comunidades e escolas, processos de interdependência natureza/cultura e de descolonização do pensamento. Bolsista Produtividade em Pesquisa do CNPq- PQ2, 2018-2020.

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Publicado

2021-12-16

Como Citar

Tristão, M. (2021). Apontamentos de pesquisas produzidas pelo NIPEEA como fluxos de reexistências de uma educação ambiental decolonial. REMEA - Revista Eletrônica Do Mestrado Em Educação Ambiental, 38(3), 333–353. https://doi.org/10.14295/remea.v38i3.13466