Complicações e sequelas neurológicas e psiquiátricas da COVID-19: uma revisão sistemática

Resumo

A atual pandemia causada pelo SARS-CoV-2 e a associada doença, COVID-19, tem causado grande impacto e vitimado uma considerável parcela da população mundial. Além da elevada taxa de mortalidade, o impacto da COVID-19 no desenvolvimento de complicações e sequelas, com repercussão na recuperação funcional do paciente, alta hospitalar, e em anos de vida perdidos ajustados por incapacitação (AVPAI), podem agravar ainda mais o atual cenário. Neste contexto, é destacado que o SARS-CoV-2 apresenta um considerável neurotropismo. Portanto, esta revisão sistemática aborda as complicações e sequelas neurológicas e psiquiátricas da COVID-19. Nós conduzimos uma revisão sistemática usando a base de dados PubMed/PubMed Central, seguindo os critérios PRISMA-2020. Após análises, 56 artigos provenientes da supracitada base de dados foram inclusos nesta revisão, acrescido de outras relevantes publicações sobre o tema, abordando os impactos dos danos diretos no sistema nervoso causados pelo SARS-CoV-2, ou indiretos, resultantes da resposta inflamatória e/ou imune exacerbada frente ao vírus, além de hipercoagulabilidade e hipóxia, que refletem em um amplo espectro de complicações e sequelas na COVID-19, sejam estas neurológicas (incluindo cefaleia, delirium, AVC isquêmico e hemorrágico, alterações do olfato/paladar e síndrome de Guillain-Barré) ou psiquiátricas (incluindo ansiedade, síndrome do estresse pós traumático, depressão, desordem de pânico, TOC e outras alterações cognitivas). Destaca-se também as ferramentas diagnósticas, manejo, estratégias terapêuticas e de reabilitação. Devido a urgência com que tal pandemia se coloca, o referencial teórico-prático acerca do tema encontra-se ainda em construção, mas já relevante ao estabelecer um elo entre complicações e sequelas neurológicas e psiquiátricas e a COVID-19, o que pode refletir positivamente em melhorias nas medidas de saúde coletiva e pública visando a redução dos impactos e no manejo do paciente recuperado da COVID-19.