Apostas crianceiras na contramão do discurso colonizador nas religiões: o conto de Kiriku e a filosofia Ubuntu

Autores

  • Laíra Assunção Braga Universidade Federal do Espírito Santo
  • Luiz Henrique Lemos Silveira

DOI:

https://doi.org/10.14295/momento.v28i1.8769

Resumo

O presente artigo objetiva apontar, a partir de epistemologias africanas, uma alternativa aos discursos e práticas, nomeados como intolerância religiosa, que possui números expressivos no Brasil. Partindo das análises históricas de investidas cristãs no Brasil colônia, entendemos que as lógicas coloniais encontram-se ainda imbricadas nos modos de viver religião no país. Consideramos, ainda, o adultocentrismo também como uma marca de colonização por um ideal de homem branco, adulto e cristão, um modelo europeu de existência. Desse modo, buscamos junto ao conto africano de Kiriku e à filosofia africana Ubuntu pautar o debate sobre outra forma de existência que nos permita coabitar na diferença, onde o desejo de domínio ou destruição que se encontram nas ações de violência de cunho religioso, dariam lugar a um modo crianceiro de abertura ao outro e a seus possíveis.

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Biografia do Autor

Laíra Assunção Braga, Universidade Federal do Espírito Santo

Mestranda em Psicologia Institucional pela Universidade Federal do Espírito Santo. Graduada em Psicologia.

Luiz Henrique Lemos Silveira

Pós-Doutorando em Ciências da Religião pela PUC Minas, Doutor em Psicologia pela PUC Minas, Mestre em Ciências da Religião pela PUC Minas. Atualmente, é Professor do Curso de Psicologia da Faculdade Pitágoras, em Teixeira de Freitas, Bahia.

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Publicado

2019-04-25

Como Citar

Braga, L. A., & Silveira, L. H. L. (2019). Apostas crianceiras na contramão do discurso colonizador nas religiões: o conto de Kiriku e a filosofia Ubuntu. Momento - Diálogos Em Educação, 28(1), 143–160. https://doi.org/10.14295/momento.v28i1.8769

Edição

Seção

Dossiê temático