Ocupar sem pertencer

refletindo sobre a experiência trans e travesti nos serviços da Atenção Primária à Saúde

Autores

Palavras-chave:

Acesso à saúde, Travesti, Trans, Transparentalidade

Resumo

O presente ensaio tem o intuito de analisar o acesso à saúde pela população trans e travesti na atenção primária, assim como as dificuldades e entraves para a promoção da saúde nesta população, problematizando as políticas de saúde sob a luz dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e o conceito ampliado de saúde. Adotamos como metodologia, para evidenciar a transfobia e travestifobia enfrentadas cotidianamente no âmbito do SUS, a análise descritiva de três reportagens publicadas em veículos de comunicação. A partir da ideia de transparentalidade de resistência, observa-se que quando o sistema de saúde não abrange a diversidade, a conexão e a interdependência entre os pares torna-se uma forma de resistir e existir em uma sociedade de organização familiar excludente. Por fim, reflete-se sobre as possibilidades de produzir saúde de maneira efetiva e interseccional.

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Publicado

2025-01-30

Como Citar

dos Santos Melo Bomfim, G., & de Souza Campos, D. (2025). Ocupar sem pertencer: refletindo sobre a experiência trans e travesti nos serviços da Atenção Primária à Saúde. Revista Eletrônica Interações Sociais, 8(1). Recuperado de https://periodicos.furg.br/reis/article/view/17796