Monstruosidade e educação:
Alguns rabiscos sobre a Pedagogia do Esquisito ou a Pedagogia das Aberrações
Palavras-chave:
Educação, Corpo, Monstruosidade, Freak, DissidênciaResumo
O presente texto será em primeira pessoa monstra. Desobediente e aberrante. Sujo e marginal. Borrando as fronteiras do artigo e do ensaio visual. É um recorte do que tem sido desenvolvido na minha pesquisa de mestrado ou como prefiro chamar e faz mais sentido invocar e instaurar: monstrado. A pesquisa intitulada “Travessias de Monstruosidades: corpos docentes e discentes na educação” foi iniciada em 2021, no programa de mestrado da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo na área da Educação e Ciências Sociais: Desigualdades e Diferenças. Aqui, vamos articular o recorte de monstruosidade que tenho acionado e uma reflexão sobre a “Pedagogia do Esquisito ou a Pedagogia das Aberrações” que eu, enquanto professora e monstra, venho instaurando. Estou há poucos passos da defesa. Um não fim. Um ritual de passagem. Mais uma metamorfose.
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