O processo de empresarização das emoções na Educação e as novas configurações do trabalho docente

Autores

  • Débora da Silva Olivo
  • Larissa Ferreira Tavares Universidade Federal do Rio Grande
  • Marcio Silva Rodrigues Universidade Federal de Pelotas

DOI:

https://doi.org/10.14295/reis.v7i1.15815

Palavras-chave:

Empresarização, Emoções, Educação

Resumo

O presente estudo constitui uma aproximação inicial e inédita entre a Teoria da Empresarização e a Sociologia das Emoções e possui um duplo objetivo: construir a categoria empresarização das emoções e discuti-la a partir do contexto educacional. De forma geral, materializando-se por meio de recursos como o controle e a burocracia, além dos fundamentos que caracterizam a ideia de empresa, como a competição e a produção de necessidades, e definindo subjetividades por meio de linguagem própria, o processo de empresarização consolida a ideia de empresa no plano material, subjetivo e das sensibilidades. A empresarização das emoções representa, assim, a complexidade com que tal processo reconfigura as práticas de trabalho e o indivíduo, definindo-o como a expressão de um capital humano. No campo da educação, isso implica em novas formas de trabalho docente, materializadas no sujeito professor por meio da centralidade de suas emoções.

Biografia do Autor

Débora da Silva Olivo

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Pelotas (PPGS/UFPel)

Larissa Ferreira Tavares, Universidade Federal do Rio Grande

Professora Adjunta do Instituto de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande (ICEAC/FURG)

Marcio Silva Rodrigues, Universidade Federal de Pelotas

Professor Associado do Centro de Ciências Sócio-Organizacionais da Universidade Federal de Pelotas (CCSO/UFPel)

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Publicado

2024-04-02

Como Citar

da Silva Olivo, D., Ferreira Tavares, L. ., & Silva Rodrigues, M. (2024). O processo de empresarização das emoções na Educação e as novas configurações do trabalho docente. Revista Eletrônica Interações Sociais, 7(1), 42–57. https://doi.org/10.14295/reis.v7i1.15815

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