Nos confins do tempo histórico

Representações do Brasil na virada para o século XX

Auteurs-es

DOI :

https://doi.org/10.14295/rbhcs.v15i30.15812

Mots-clés :

Pensamento social brasileiro, Modernidade no Brasil, Teoria Sociológica

Résumé

Interessado nas maneiras pelas quais codificaram os caminhos pretensamente invulgares da formação brasileira e discorreram sobre os impasses de seu ingresso pleno na modernidade, o artigo debruça-se sobre as proposições de Joaquim Nabuco, Silvio Romero, Nina Rodrigues e Euclides da Cunha, a par com as cogitações críticas de Manoel Bomfim. A primeira conjectura que move o trabalho é que, computadas as particularidades de cada obra e autor, suas ideias abrigam-se no interior de certa episteme que articula uma concepção historicista da modernidade com um enquadramento substancialista da experiência brasileira. Em segundo lugar, entendo que essa mesma forma de pensar alicerça-se nos horizontes de percepção de uma temporalidade abstrata e progressiva à luz da qual os alegados atributos distintivos do país e seu correspondente padrão de sociabilidade assumem acepções cronológicas que, de maneira irremediável, ratificam o diagnóstico do estatuto inconcluso da formação nacional e de sua posição tributária na modernidade.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Biographie de l'auteur-e

Sergio Tavolaro, Universidade de Brasília (UnB)

Professor Associado 3 do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB) e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (UnB). Possui graduação em Ciências Sociais (1994) e mestrado em Sociologia (1998) pela UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas), além de mestrado (2001) e Doutorado (2005) em Sociologia pela The New School for Social Research (Nova York, EUA). É Bolsista PQ do CNPq (1D) e co-líder do Grupo de Pesquisa Pensamento Social Latino-Americano (Diretório CNPq). Foi Coordenador de Graduação no Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB) (2014-2016) e membro do Núcleo Docente Estruturante (NDE) do Departamento entre 2014 e 2019. Foi Professor efetivo do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia (2005-2010). Foi Visiting Scholar na Stanford University (EUA) com bolsa de Pós-doutorado no Exterior do CNPq (2019-2020), além de Student Advisor (2003 e 2004) e Teaching Assistant (TA) no Departamento de Sociologia da New School (2001 e 2002), bem como Fellow no Transregional Center for Democratic Studies (New School, EUA) em 2000 e Pesquisador Visitante no Brazil Center (University of Texas at Austin, EUA) em 1997. Foi ainda bolsista do Programa de Formação de Quadros do CEBRAP (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) entre 1997 e 1999.

Références

Autor

AGUIAR, Ronaldo. O rebelde esquecido: tempo, vida e obra de Manoel Bomfim. Rio de Janeiro: Topbooks, 2000.

ALONSO, Angela. Idéias em Movimento: A Geração 1870 na Crise do Brasil-Império. São Paulo, Paz e Terra, 2002.

ANDERSON, Benedict. Imagined communities. London: Verso, 1991.

BOMFIM, Manoel. A América Latina: males de origem. Rio de Janeiro: Topbooks, 1993.

BOSI, Alfredo. Origem e Função das Idéias em Contextos de Formação Colonial. In: Centro de Estudos Brasileiros/Embaixada do Brasil em Roma (Org.), Pensamento Brasileiro. Palermo, Renso e Rean Mazzone Editori, 1995, p. 17-31.

BOTELHO, André e SCHWARCZ, Lilia (Orgs.). Um enigma chamado Brasil: 29 intérpretes e um país. São Paulo: Companhia das letras, 2009.

CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: Momentos decisivos 1750-1880. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2013.

CARDOSO, Fernando H. Pensadores que inventaram o Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 2013.

CARVALHO FRANCO, Maria Sylvia. As Idéias Estão no Lugar. Cadernos de Debate, no 1. São Paulo, Brasiliense, p. 61-64, 1976.

CHAKRABARTY, Dipesh. Provincializing Europe: Postcolonial thought and historical difference. Princeton: Princeton University Press, 2000.

CHATTERJEE, Partha. La nación en tiempo heterogéneo: y otros estudios subalternos. Buenos Aires: Siglo XXI, 2008.

CONRAD, Sebastian. What is global history? Princeton, NJ: Princeton University Press, 2016.

COSTA PINTO, Luiz de A. Sociologia e Desenvolvimento: temas e problemas de nosso tempo. Rio de Janeiro: Editora da Civilização Brasileira, 1973.

CUNHA, Euclides. Os Sertões. São Paulo: Ubu Editora, 2016.

DÉPELTEAU, François. What is the direction of the “relational turn”? In: POWELL, Christopher; DÉPELTEAU, François (Eds.). Conceptualizing relational sociology: ontological and theoretical issues. New York: Palgrave Macmillan, 2013, p. 163-185.

DURKHEIM, Émile. The division of labor in society. New York: The Free Press, 1997.

DUSSEL, Enrique. “Europa, modernidade e eurocentrismo”. In: LANDER, E. (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Buenos Aires: CLACSO, 2005, p. 55-70.

EISENSTADT, Shmuel. Multiple modernities. Dædalus, v. 129, n. 1, p. 1-29, 2000.

ELIAS, Norbert. O processo civilizador. Rio de Janeiro: Zahar, 1993.

EMIRBAYER, Mustafa. Manifesto for a relational sociology. American Journal of Sociology, volume 103, Number 2, p. 281-317, 1997.

FERNANDES, Florestan. Sociedade de classes e subdesenvolvimento. São Paulo: Global Editora, 2008.

GERBI, Antonello. O Novo Mundo: história de uma polêmica: 1750-1900. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

GIDDENS, Anthony. As conseqüências da modernidade. São Paulo: Ed. UNESP. 1991.

RAMOS, Alberto Guerreiro. A redução sociológica. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 1996.

GRUZINSKI, Serge. O historiador, o macaco e a centaura: a “história cultural” no novo milênio. Estudos Avançados, v. 17, n. 49, p. 321-342, 2003.

GUMBRECHT, Hans. Nosso amplo presente. São Paulo: Ed. Unesp, 2015.

HABERMAS, Jürgen. The theory of communicative action. Volume One. Boston: Beacon Press, 1984.

HABERMAS, Jürgen. A consciência de época da modernidade e a sua necessidade de autocertificação. In: ______. O discurso filosófico da modernidade. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1990, p. 13-22.

HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.

HAROOTUNIAN, Harry. Remembering the historical present. Critical Inquiry, v. 33, Spring, p. 471-494, 2007.

HEGEL, Friedrich. The Philosophy of History. New York: Dover Publications Inc., 1956.

HELLIWELL, Christine; HINDNESS, Barry, The temporalizing of difference. Ethnicities, vol. 5, number 3, p. 414-418, 2005.

IANNI, Octávio. A idéia de Brasil Moderno. São Paulo: Editora Brasiliense, 1992.

KOSELLECK, Reinhart. Futuro Passado: Contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto, Ed. PUC-Rio, 2006.

LIMA, Lísia. Um sertão chamado Brasil. São Paulo: Hucitec, 2013.

LUHMANN, Niklas. The future cannot begin: temporal structures in modern society. Social Research, v. 43, n. 1, p. 130-152, 1976.

MARTINS, Luciano. A gênese de uma intelligentsia: os intelectuais e a política no Brasil, 1920 a 1940. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 2, n. 4, 1987 [s/n].

MARX, Karl and ENGELS, Friedrich. The German Ideology. In: TUCKER, Robert (ed.). The Marx-Engels Reader. New York: W.W. Norton & Company, 1972.

MIGNOLO, Walter. The idea of Latin America. Oxford: Blackwell, 2005.

MONTESQUIEU, Charles de S. B. de. The spirit of laws. New York: Prometheus Books, 2002.

NABUCO, Joaquim. O Abolicionismo. São Paulo: Publifolha, 2000.

ORTIZ, Renato. Cultura brasileira e identidade nacional. São Paulo: Brasiliense, 2006.

QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo. (Org). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Buenos Aires: CLACSO, 2005, p. 227-278.

RIBEIRO, Darcy. Manoel Bomfim, antropólogo. In: BOMFIM, Manoel. A América Latina: males de origem. Rio de Janeiro: Topbooks, 1993, p. 9-20.

RODRIGUES, Raymundo Nina. Os Africanos no Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1945.

RODRIGUES, Raymundo Nina. As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Nacional, 1938.

ROMERO, Silvio. História da Literatura Brasileira. Tomo Primeiro. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1949.

ROUANET, Sérgio P. Idéias Importadas: Um Falso Problema? Cadernos do IPRI, n. 15, p. 31-40, 1994.

SAID, Edward. Orientalism. New York: Vintage Books, 1979.

SCHWARCZ, Lilia. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil – 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

SCHWARZ, Roberto. Ideias fora do lugar. Estudos CEBRAP, v. 5, p. 151-161, 1973.

SIMMEL, Georg. Georg Simmel: on individuality and social forms. Chicago: The University of Chicago Press, 1971.

SUBRAHMANYAM, Sanjay. Connected histories: notes towards a reconfiguration of early modern Eurasia. Modern Asian Studies, v. 31, n. 3, p. 735- 762, 1997.

THERBORN, Göran. Entangled modernities. European Journal of Social Theory, v. 6, n. 3, p. 293-305, 2003.

VENTURA, Roberto. Estilo Tropical: história cultural e polêmicas literárias no Brasil, 1870-1914. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.

WEBER, Max. The protestant ethic and the spirit of capitalism. Los Angeles, CA: Roxbury Publishing Company, 2002.

WORLF. Eric. A Europa e os povos sem história. São Paulo: Editora da USP, 2005.

ZERUBAVEL, Eviatar. The standardization of time: a sociohistorical perspective. American Journal of Sociology, v. 88, n. 1, p. 1-23, 1982.

Téléchargements

Publié-e

2023-12-21

Comment citer

Tavolaro, S. (2023). Nos confins do tempo histórico: Representações do Brasil na virada para o século XX. Revista Brasileira De História & Ciências Sociais, 15(30), 413–441. https://doi.org/10.14295/rbhcs.v15i30.15812

Numéro

Rubrique

Artigos Livres