Sexo, bombas e democracia

atentados de extrema-direita e revistas eróticas na abertura da ditadura civil-militar

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14295/rbhcs.v15i30.15543

Palavras-chave:

Ditadura civil-militar. Terrorismo de extrema-direita. Revistas eróticas.

Resumo

Extremistas de direita, a partir do final da década de 1970, promoveram uma série de atentados terroristas contra o processo de abertura da ditadura civil-militar. Esses setores entendiam que a flexibilização do regime abria espaços para a atuação dos “subversivos”. Entre os alvos das bombas, estavam as bancas de jornais e revistas. Sem desconsiderar os aspectos políticos, este artigo busca mostrar como os elementos morais, envolvendo a negociação de revistas eróticas/pornográficas, também contribuíram para os ataques terroristas a jornaleiros. As publicações eróticas, nas representações dos extremistas de direita, serviam aos projetos comunistas de tomada do poder, pois depravavam a sociedade e corrompiam a juventude. Para diversos segmentos da população, inclusive, os que apoiavam a democratização do País, a abertura da ditadura possibilitara uma depravação dos costumes e era necessária a censura moral. A pesquisa se fundamenta na análise de documentos do regime ditatorial e em jornais do período.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Airton de Farias, Instituto Federal do Ceará (IFCE)

Doutor em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), mestre em História pela Universidade Federal do Ceará (UFC), licenciado em História pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e bacharel em Direito pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Professor de vários colégios e faculdades do Ceará por anos, atualmente ministra aulas no Instituto Federal do Ceará (IFCE). Tem experiência na produção de livros didáticos e na pesquisa em História Política, voltado para a ditadura militar brasileira e a luta armada das esquerdas. Também pesquisa sobre a história do esporte/futebol.

Referências

AARÃO REIS, Daniel. Ditadura militar, esquerdas e sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.

ARGOLO, José Amaral. RIBEIRO, Kátia. FORTUNATO, Luiz Alberto M. A direita explosiva no Brasil. Rio de Janeiro: MAUAD, 1996.

BONANATE, Luigi. Terrorismo político: In: BOBBIO, Noberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Giafranco. Dicionário de Política. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2004.

BRITO, Antônio Maurício Freitas. “um verdadeiro bacanal, uma coisa estúpida”: anticomunismo, sexualidade e juventude nos tempos da ditadura. Anos 90, Porto Alegre, v. 26, p. 1-22, 2019.

CORDEIRO, Janaina Martins. A ditadura em tempos de milagre: comemorações, orgulho e consentimento. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2015.

FICO, Carlos. “Prezada censura”: cartas ao regime militar. Topoi, Rio de Janeiro, nº 5, p. 251-286, dez. 2002.

KUSHNIR, Beatriz. Cães de guarda: jornalistas e censores, do AI-5 à Constituição de 1988. São Paulo: Boitempo Editorial, 2004.

MARCELINO, Douglas Attila. Salvando a pátria da pornografia e da subversão: a censura de livros e diversões públicas nos anos 1970. Dissertação (Mestrado em História Social), Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.

MEDEIROS, Rogério; NETTO, Marcelo. Memórias de uma guerra suja: Cláudio Guerra em depoimento. Rio de Janeiro: Topbooks, 2012.

MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Em guarda contra o “perigo vermelho”: o anticomunismo no Brasil (1917-1964). São Paulo: Perspectiva: FAPESP, 2002.

MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Passados presentes: o golpe de 1964 e a ditadura militar. Rio de Janeiro: Zahar, 2021.

ORTIZ, Renato. Revisitando o tempo dos militares. In: REIS, Daniel Aarão; RIDENTI, Marcelo; MOTTA, Rodrigo Patto Sá (Orgs.). A ditadura que mudou o Brasil: 50 anos do golpe de 1964. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.

QUINALHA, Renan. Contra a moral e os bons costumes: a ditadura e a repressão à comunidade LGBT. São Paulo: Companhia das Letras, 2021.

ROLLEMBERG, Denise; QUADRAT, Samantha Viz. Apresentação. Memória, história e autoritarismo. In: ______ (Orgs.). A construção social dos regimes autoritários: Brasil e América Latina. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.

SETEMY, Adrianna Cristina Lopes. Vigilantes da moral e dos bons costumes: condições sociais e culturais para a estruturação política da censura durante a ditadura militar. Topoi, Rio de Janeiro, v. 19, n. 37, p. 171-197, jan./abr. 2018.

Downloads

Publicado

2023-12-21

Como Citar

de Farias, A. (2023). Sexo, bombas e democracia: atentados de extrema-direita e revistas eróticas na abertura da ditadura civil-militar. Revista Brasileira De História & Ciências Sociais, 15(30), 64–94. https://doi.org/10.14295/rbhcs.v15i30.15543

Edição

Seção

Artigos Livres