Trauma em transe<br>Traumatisme en transe

Conteúdo do artigo principal

Liana Netto Dolci
Amadeu de Oliveira Weinmann

Resumo

Resumo
A pergunta disparadora deste artigo é: o que fazer diante do trauma decorrente de um encerramento político? Em um primeiro momento, expomos o conceito de trauma na psicanálise freudiana e lacaniana, em diálogo com o onírico, a partir da análise fílmica de Terra em transe (1967), dirigido por Glauber Rocha. Em sequência, situamos a importância do testemunho no trabalho do trauma, isto é, a relevância de transformar em narrativa o que é da ordem do impossível dizer e que, justamente por isso, não é possível silenciar. Por fim, em um diálogo com a experiência trágica nietzschiana, pensa-se o filme como um convite ao espectador à criação autoral de saídas para o traumático de um fechamento político.

Résumé
La question qui déclenche cet article est: que faire face au traumatisme résultant d’une fermeture politique? Dans un premier temps, nous exposons le concept de traumatisme dans la psychanalyse freudienne et lacanienne, en dialogue avec l’onirique, à partir de analyse filmique de Terre en transe (1967), dirigé par Glauber Rocha. À la suite, nous considérons l’importance du témoignage dans le travail du traumatisme, c’est-à-dire, la pertinence de transformer en récit ce qui est de l’ordre de l’impossible à dire et qui, justement pour cette raison, ne peut être réduit au silence. Enfin, dans un dialogue avec l’expérience tragique nietzschéenne, le film est pensé comme une invitation au spectateur à la création original de sorties pour le traumatisme d’une fermeture politique.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
Dolci, L. N., & Weinmann, A. de O. (2020). Trauma em transe<br>Traumatisme en transe. Deslocamentos/Déplacements:/Revista/Franco-Brasileira/Interdisciplinar/De/psicanálise/E/Ciências/Sociais, 1(2), 58–86. Recuperado de https://periodicos.furg.br/des/article/view/12022
Seção
Dossiê
Biografia do Autor

Liana Netto Dolci, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, Brasil/RS.

Psicóloga pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Amadeu de Oliveira Weinmann, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, Brasil/RS.

Psicanalista. Doutor em Educação (UFRGS/2008).

Referências

Arendt, H. (1998). Origens do totalitarismo (R. Raposo, trad.). São Paulo, SP: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1951)

Arendt, H. (2001). Entre o passado e o futuro (M. Barbosa, trad.). São Paulo, SP: Perspectiva. (Trabalho original publicado em 1961)

Arendt, H. (2011). A condição humana (R. Raposo, trad.). Rio de Janeiro, RJ: Forense Universitária. (Trabalho original publicado em 1958)

Arendt, H. (2013). Eichmann em Jerusalém: um estudo da banalidade do mal (J. Siqueira, trad.). São Paulo, SP: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1963)

Conte, B. (2014). Testemunho: reparação do trauma é possível? In Sigmund Freud Associação Psicanalítica (Org.), Clínicas do testemunho: reparação psíquica e construção de memórias (pp. 83-92). Porto Alegre, RS: Criação Humana.

Correia, A. (2014). Hannah Arendt e a modernidade: política, economia e a disputa por uma fronteira. Rio de Janeiro, RJ: Forense Universitária.

Endo, P. C. (2009). Violências, elaboração onírica e o horizonte testemunhal. Temas em Psicologia, 17(2), 343-349.

Endo, P. C. (2013). Pensamento como margem, lacuna e falta: memória, trauma, luto e esquecimento. Revista USP, 98(3), 41-50.

Freud, S. (1996). Esboços para a “comunicação preliminar” de 1893. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, trad, v. 1, 3a ed.). Rio de Janeiro, RJ: Imago. (Trabalho original publicado em 1892)

Freud, S. (1996). A interpretação dos sonhos. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, trad, v. 4 e 5, 3a ed.). Rio de Janeiro, RJ: Imago. (Trabalho original publicado em 1900)

Freud, S. (1996). Totem e tabu. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, trad, v. 13, 3a ed.). Rio de Janeiro, RJ: Imago. (Trabalho original publicado em 1913)

Freud, S. (1996). Além do princípio do prazer. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, trad, v. 18, 3a ed.). Rio de Janeiro, RJ: Imago. (Trabalho original publicado em 1920)

Freud, S. (1996). Psicologia de grupo e a análise do ego. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, trad, v. 18, 3a ed.). Rio de Janeiro, RJ: Imago. (Trabalho original publicado em 1921)

Freud, S. (1996). Moisés e o monoteísmo: três ensaios. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, trad, v. 23, 3a ed.). Rio de Janeiro, RJ: Imago. (Trabalho original publicado em 1939)

Gondar, J. (2012). Ferenczi como pensador político. Cadernos de Psicanálise, 34(27), 193-210.

Kuntzel, T. (2019). O trabalho do filme. Trivium: Estudos Interdisciplinares, 11(2), 132-145.

Lacan, J. (2008). O seminário, livro 11: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (M. D. Magno, trad, 2a ed.). Rio de Janeiro, RJ: Zahar. (Trabalho original publicado em 1964)

Levi, P. (1988). É isto um homem? (L. Del Re, trad.). Rio de Janeiro, RJ: Rocco.

Machado, R. (1999). Nietzsche e a verdade. Rio de Janeiro, RJ: Graal.

Machado, R. (2005). Nietzsche e o renascimento do trágico. Kriterion, 46(112), 174-182.

Metz, C. (1980). O significante imaginário. In C. Metz, J. Kristeva & R. Barthes (Orgs.), Psicanálise e cinema (P. A. Ruprecht, trad, pp. 15-92). São Paulo, SP: Global.

Nestrovski, A. & Seligmann-Silva, M. (2000). Apresentação. In A. Nestrovski & M. Seligmann-Silva (Orgs.), Catástrofe e representação: ensaios (pp. 7-13). São Paulo, SP: Escuta.

Nietzsche, F. (2007). O nascimento da tragédia ou helenismo e pessimismo (J. Guinsburg, trad.). São Paulo, SP: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1872)

Nietzsche, F. (2005). Assim falou Zaratustra (M. Silva, trad.). São Paulo, SP: Rideel. (Trabalho original publicado em 1883).

Rivera, T. (2008). Cinema, imagem e psicanálise. Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar.

Seligmann-Silva, M. (2010). O local do testemunho. Tempo e Argumento, 2(1), 3-20.

Weinmann, A. (2017). Sobre a análise fílmica psicanalítica. Revista Subjetividades, 17(1), 1-11.