Os códigos espectrais do feminicídio em contos brasileiros
Resumo
Este artigo traz um estudo sobre a língua espectral do feminicídio representada em contos de Lygia Fagundes Telles, Nélida Piñon, Clarice Lispector e Marina Colasanti, que relacionam esse crime a valores morais de menosprezo pelo corpo da mulher. A partir de abordagens feministas, defendemos a hipótese de que o feminicídio é normatizado por uma simbologia moral que aprisiona a mulher a valores obsoletos como “crime de honra” e “posse do corpo feminino”, segundo estudos de Rita Segato (2003) e Lia Zanotta Machado (2019). O repertório dessa violência é mantido por meio de uma “língua espectral”, de acordo com reflexões de Giorgio Agamben (2010), visto que o feminicídio é normatizado por atos que tendem a vigiar e punir mulheres fora do padrão patriarcal.