Pode uma arqueologia das mulheres?

Gênero e pesquisa arqueológica no Marajó, Pará

Autores

  • Eliane Miranda Costa Universidade Federal do Pará

DOI:

https://doi.org/10.14295/rbhcs.v12i24.10862

Palavras-chave:

Ciência, Subalternidade, Arqueologia Amazônida

Resumo

O artigo resulta da pesquisa de doutorado realizada na região da Amazônia marajoara de 2014 a 2018, e tem como finalidade evidenciar e interpretar os discursos e identidade da mulher-intelectual e produtora de conhecimento no âmbito da Arqueologia no Marajó, Estado do Pará. Caracteriza-se como um estudo de caráter bibliográfico de abordagem qualitativa. Tem como referência a produção de Betty Meggers, Ana Roosevelt e Denise Schaan, mulheres que se tornaram as principais intelectuais da arqueologia Amazônida. Em diálogo com teorias feministas podemos dizer que essas arqueólogas se forjaram intelectuais na ousadia, e, embora, desenvolvam um discurso tutelado pela ciência masculinizada, contribuem para questionar o discurso androcêntrico historicamente construído como científico e universal, possibilitando assim outras formas de interpretar a história e produzir discursos e saberes científicos.

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Biografia do Autor

Eliane Miranda Costa, Universidade Federal do Pará

Doutora em Antropologia pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal do Pará (UFPA). Mestre em Educação, pela Universidade do Estado do Pará (2012), durante o período do sanduíche na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Especialista em Educação do Campo, Desenvolvimento e Sustentabilidade, UFPA (2010) e Licenciada em Pedagogia, UFPA (2005) . Atualmente é Professora Associada, nível I da UFPA, Campus Universitário do Marajó-Breves, fazendo uma docência ou curso de Pedagogia. Trabalha os seguintes temas: Formação de Professores, Educação de Campo, Povos Tradicionais, Metodologia do Trabalho Científico, Cultura do Material Escolar, Património e Memória. É parceiro efetivo da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) e parceiro colaborador da Sociedade Brasileira de Arqueologia (SAB).

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Publicado

2020-12-11

Como Citar

Costa, E. M. (2020). Pode uma arqueologia das mulheres? : Gênero e pesquisa arqueológica no Marajó, Pará. Revista Brasileira De História & Ciências Sociais, 12(24), 344–370. https://doi.org/10.14295/rbhcs.v12i24.10862