Crime e alienação no Portugal de finais do século XIX e inícios do século XX

Autores

  • Alexandra Lopes Esteves Universidade Católica Portuguesa

DOI:

https://doi.org/10.14295/rbhcs.v11i21.554

Palavras-chave:

alienados, crime, hospital, cadeia, doentes.

Resumo

A partir de oitocentos, crime e doença mental tornam-se motivos de preocupação para a sociedade portuguesa e, em particular, para as autoridades com responsabilidades nessas matérias. Enquanto, por um lado, se assiste à materialização de respostas para o delito, que passam pela implementação de uma nova concepção do cárcere, que inclui as vertentes punitiva e regenerativa, pela edificação de penitenciárias e pela criação de hospitais para alienados (Rilhafoles, em Lisboa, e Conde de Ferreira, no Porto), por outro lado, continuava a faltar solução para aqueles que cometeram delitos, mas eram reconhecidamente alienados e, por conseguinte inimputáveis.

Através da análise de diferentes quadrantes da sociedade e recorrendo a casos concretos, pretendemos refletir sobre a situação de homens e mulheres que, em inícios do século XX, apesar da dupla condição de criminosos e alienados, continuavam a ser enviados para os hospitais gerais, para as cadeias ou ficavam entregues às respetivas famílias, perante a inoperância do Estado, incapaz de fazer cumprir a legislação que, desde finais de oitocentos, preconizava a criação de estruturas próprias para acolher “alienados criminosos”.

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Biografia do Autor

Alexandra Lopes Esteves, Universidade Católica Portuguesa

Professora auxiliar com agregação da Universidade Católica Portuguesa. Professora auxiliar convidada da Universidade do Minho - Portugal. Investigadora do Lab2PT-Universidade do Minho

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Publicado

2019-07-10

Como Citar

Esteves, A. L. (2019). Crime e alienação no Portugal de finais do século XIX e inícios do século XX. Revista Brasileira De História & Ciências Sociais, 11(21), 116–137. https://doi.org/10.14295/rbhcs.v11i21.554