A pena de morte no debate criminológico do Rio de Janeiro dos anos 1930

Autores

  • Allister Teixeira Dias Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.14295/rbhcs.v11i21.528

Palavras-chave:

pena de morte, Era Vargas, Criminologia

Resumo

Este texto tem por objetivo analisar parte dos debates criminológicos acerca da pena de morte no Rio de Janeiro nos anos 1930, com especial atenção para o conteúdo e maneira como os saberes biomédicos e psicológicos foram mobilizados. O recorte se justifica pelo aumento do debate sobre o assunto na ambiência intelectual médico-jurídica do período, sobretudo entre 1934 e 1939. Centraremos nossa análise nos posicionamentos dos membros da Sociedade Brasileira de Criminologia (SBC), e no conteúdo do livro do advogado Jurandyr Amarante, A Pena de Morte (1938). Tal análise é feita com a inscrição e cotejamento de seus posicionamentos em meio a comunidade de debate da qual fazia parte. Procura-se, por um lado, perceber quais as ideias e noções biológicas e psicológicas mobilizadas na oposição e a favor da pena de morte, com ênfase no tema da (in) corrigibilidade dos criminosos e mostrar de que maneira o tema trazia à tona posicionamentos políticos gerais e específicos juristas e médicos. 

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Biografia do Autor

Allister Teixeira Dias, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Possui graduação em História pela Universidade Federal Fluminense (2007). Mestre e Doutor em História das Ciências pela Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz (2010 e 2015). Foi bolsista Recém Doutor na Casa de Oswaldo Cruz/Departamento de Pesquisa (CNPQ/PROEP, 2016-2018). Atualmente é Professor Substituto no Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (UFRJ).

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Publicado

2019-07-10

Como Citar

Dias, A. T. (2019). A pena de morte no debate criminológico do Rio de Janeiro dos anos 1930. Revista Brasileira De História & Ciências Sociais, 11(21), 9–40. https://doi.org/10.14295/rbhcs.v11i21.528