Arte e transgressão: a cena final de "The Awakening", de Kate Chopin, e a “Vênus”, de Bottticelli
Resumo
Busca-se, no presente artigo, tecer um diálogo entre o desfecho de The Awakening, de Kate Chopin e a pintura “O nascimento de Vênus”, de Sandro Botticelli, articulando, por sua vez, a imagem de Afrodite à subversão da heroína, que se constrói sob o signo da deusa no romance. A partir do mergulho no mar de Grand Isle, Edna Pontellier renasce para uma vida de autorrealização, rompendo as barreiras impostas pela cultura patriarcal. Desse modo, o desenlace da obra figura como a consagração mítica de Edna, que retorna para as águas de Afrodite. Sob esse viés, serão analisadas a figuratividade entre o texto literário e a pintura, a linguagem artística e as imagens poéticas impressas na cena final, bem como as nuances de plasticidade da tessitura narrativa, cujos matizes evocam o nascimento da deusa chopiniana. Para tanto, as análises serão norteadas pelos postulados de Kandinsky (2000), Gilbert (1983), Paz (2012), Thamos (2014), Vernant (2000), entre outros autores.