Resistir para existir: Cidinha da Silva e o letramento racial em crônica
Resumo
Ao longo da história, o gênero crônica passou por inúmeras transformações, adaptando-se a diferentes contextos, leitores e suportes. Contemporaneamente, a crônica dialoga, por exemplo, com a internet, circulando no mundo virtual e detendo-se também sobre temas que ali encontram ressonância. Assim o é com o livro de crônicas #Parem de nos matar!, da escritora contemporânea Cidinha da Silva. Assumindo sua representatividade enquanto escritora negra, Cidinha transforma suas crônicas em espaço de debate e reflexão acerca de muitas das violências simbólicas e físicas a que as pessoas negras são expostas diariamente. Isso é o que ocorre no texto aqui enfocado, “Letramento racial: o caso Fernanda Lima e as babás negras”. Na crônica, a autora parte de um episódio, amplamente divulgado na mídia e nas redes sociais, envolvendo uma foto publicada no Instagram. Todavia, esse é apenas o ponto de partida para uma reflexão mais ampla sobre a própria estrutura social brasileira que dita os lugares a serem ocupados por negros e brancos. Assim, se espera colocar em perspectiva a escrita de Cidinha da Silva como representativa da literatura de mulheres negras, dando também visibilidade ao gênero crônica, por vezes ainda marginalizado, além, é claro, de problematizar as questões apontadas no texto aqui selecionado.