As coleções especiais sob o domínio das distinções

Autores

  • Vinícios Souza de Menezes Universidade Federal de Sergipe
  • Rodrigo Porto Bozzetti

DOI:

https://doi.org/10.14295/biblos.v35i2.12584

Palavras-chave:

Coleções especiais, Distinção, Documentos

Resumo

Utiliza as discussões de documento por atribuição e documento por intenção de Jean Meyriat para sugerir a existência de hipodocumentos e supradocumentos. Explora como o adjetivo especial pode atribuir um peso central ou marginalizado para coleções de documentos. Enumera os conceitos tradicionais de coleções especiais na Arquivologia, Museologia e Biblioteconomia, identificando semelhanças e distanciamentos. Aponta que as coleções especiais são compostas por documentos especiais, dotados de características que os distinguem dos demais de maneira endo-orientada, caracterizada pela valorização da coleção/documento ou exo-orientada caracterizada pela marginalização das coleções/documentos. Usa o conceito de distinção de Pierre Bourdieu para demonstrar as legitimações de discursos dominantes e diferenças sociais que as coleções especiais, supradocumentos e seus espaços realizam

Downloads

Biografia do Autor

Vinícios Souza de Menezes, Universidade Federal de Sergipe

Doutor em Ciência da Informação pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) em convênio com a Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2017. Pós-doutor pelo Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) em convênio com a Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2020. Mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Bahia (2012). Pesquisador-Bolsista da Fundação Biblioteca Nacional do Brasil (2012). Bacharel em Biblioteconomia e Documentação pela Universidade Federal da Bahia (2009). Atua com foco nos aspectos filosóficos, epistemológicos e historiográficos da Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação. Atualmente desenvolve pesquisa em Filosofia da Informação e Organização do Conhecimento, sob o ponto de vista do perspectivismo ameríndio e outras razões alterantes.

Rodrigo Porto Bozzetti

Mestre em Ciência da Informação, pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT/UFRJ), bacharel em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), bacharel em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, e técnico em Meteorologia formado pelo CEFET-RJ. Foi bolsista de iniciação científica do Centro de Memória e Informação da Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB) desenvolvendo o projeto de pesquisa Conservação Integrada: implantação de programa de pesquisa no campo da deterioração dos acervos documentais. Tem experiência nas áreas de Biblioteconomia, História, Ciência da Informação, conservação de acervos especiais e georreferenciamento.

Referências

ARANTES, Antonio Augusto. O que é cultura popular? São Paulo: Brasiliense, 1990.

ARARIPE, F. M. A. Do patrimônio cultural e seus significados. Transinformação, v. 16, n. 2, p. 111-122, 2004.

ARAUJO, Andre Vieira de Freitas. Gestão de coleções raras e especiais no séc. XXI: conceitos, problemas, ações. In: VIEIRA, Brunno V. G.; ALVES, Ana Paula Meneses (Orgs.). Acervos especiais: memórias e diálogos. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2015. p. 15-31.

ARQUIVO NACIONAL (Brasil). Dicionário brasileiro de terminologia arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005.

ASSOCIAÇÃO DOS ARQUIVISTAS HOLANDESES. Manual de arranjo e descrição de arquivos. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1973, p.167.

BIBLIOTECA NACIONAL MARIANO MORENO. Tesoro. Sala Paul Groussac. 2021. Disponível em: http://www.bibnal.edu.ar/biblioteca/salas/tesoro. Acesso em: 12 jan. 2021.

BIBLIOTECA NACIONAL DE URUGUAY. Materiales Especiales. 2021. Disponível em: https://www.bibna.gub.uy/materiales-especiales/. Acesso em: 12 jan. 2021.

BOURDIEU, Pierre. A distinção: crítica social do julgamento. São Paulo: Edusp, 2007.

BOURDIEU, Pierre. As regras da arte: gênese e estrutura do campo literário. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

BRULON, Bruno. Descolonizar o pensamento museológico: reintegrando a matéria para re-pensar os museus. Anais do Museu Paulista, v. 28, p. 1-30, 2020.

BUCKLAND, Michael. What is a document? Journal of the American Society for Information Science, v. 48, n. 9, p. 804-809, 1997.

BURKE, Peter. A Escola dos Annales 1929-1989: a revolução francesa da historiografia. São Paulo: Unesp, 2010.

CSÉVE, Magdaléna; HUNGRIA, Zoltá Bódi. El archivero de soportes especiales una crisis de identidad. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE LOS ARCHIVOS, 12., 1992, Montreal. Anais [...]. Montreal: s.n, 1992.

p. 1-12.

DOOLEY, J. M.; LUCE, K. Taking our pulse: the OCLC research survey of special collections and archives. Dublin: OCLC, 2010. Disponível em: http://www.oclc.org/content/dam/research/publications/

library/2010/2010-11.pdf. Acesso em: 12 jan. 2021.

DURANTI, Luciana. Diplomatics: new uses for an old science. Society of American Archivists: Maryland, 1998.

FEBVRE, Lucien. Contra o vento: manifesto dos novos Annales. In: NOVAIS, Fernando A.; SILVA, Rogerio Forastieri da (Orgs.). Nova História em perspectiva. São Paulo: Cosac Naify, 2011. p. 74-85.

FROHMANN, Bernd. Revisiting “what is a document?”. Journal of Documentation, v. 65, n. 2, p. 291-303, 2009.

GALBRAITH, S. K.; SMITH, G. D. Rare book Librarianship: an introduction and guide. California: ABC-CLIO, 2012.

GONZÁLEZ GARCÍA, Pedro. Los documentos en nuevos soportes. Boletim do arquivo, São Paulo, v.1, n.1, p. 19-38, 1992.

KANT, Immanuel. Conflito das Faculdades. Lisboa: Edições 70, 1993.

LACERDA, Aline Lopes de. A fotografia nos arquivos: a produção de documentos fotográficos da Fundação Rockefeller durante o combate à febre amarela no Brasil. 2008. Tese de Doutorado em História Social, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

LE GOFF, Jacques. A História Nova. In: NOVAIS, Fernando A.; SILVA, Rogerio Forastieri da (Orgs.). Nova História em perspectiva. São Paulo: Cosac Naify, 2011. p. 128-179.

LIBRARY OF CONGRESS. Rare Book and Special Collections Division. 2021. Disponível em: https://www.loc.gov/rr/rarebook/about.html. Acesso em: 12 jan. 2021.

LUND, Niels W. Document theory. Annual Review of Information Science and Technology, v. 43, n. 1, p. 399-432, 2009.

MARIZ, Anna Carla Almeida; VIEIRA, Thiago de Oliveira. A construção da noção de documentos especiais na Arquivologia. Revista do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, n. 9, p. 287-302, 2015.

MELOT, M. Qu'est-ce qu'un objet patrimonial? Bulletin des Bibliothèques de France, v. 5, p. 5-10, 2004.

MEYRIAT, Jean. Ducoment, documentation, documentologia. In: COUZINET, Viviane (Org.). Jean Meyriat, théoricien et praticien de l’information-documentation. Paris: ABDS, 2001. p.143-159.

MOUREN, R. Manuel du patrimoineen bibliothèque. Paris: Cercle de la librairie, 2007.

MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES. Coleções. 2021. Disponível em: https://mnba.gov.br/portal/colecoes.html. Acesso em: 12 jan. 2021.

OTLET, Paul. Traité de documentation: le livre sur le livre: théorie et pratique. Bruxelas: Editiones Mundaneum, 1934.

PAES, Marilena Leite. Arquivo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1986.

PALMA PEÑA, J. M. El patrimonio cultural, bibliográfico y documental de la humanidad: Revisiones conceptuales, legislativas e informativas para una educación sobre patrimonio. Cuicuilco, v. 20, n. 58, p. 31-57, 2013.

PEARCE-MOSES, Richard. A Glossary of Archival and Records Terminology. Chicago: The Society of American Archivists, 2005. Disponível em: http://www.archivists.org/glossary/index.asp. Acesso em: 12 jan. 2021.

PINHEIRO, Ana Virginia. História, Memória e Patrimônio: convergências para o futuro dos acervos especiais. In: VIEIRA, Brunno V. G.; ALVES, Ana Paula Meneses (Orgs.). Acervos especiais: memórias e diálogos. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2015. p. 33-44.

PINHEIRO, Ana Virginia. Que é livro raro?: uma metodologia para o estabelecimento de critérios de raridade bibliográfica. Rio de Janeiro: Presença, 1989.

RICHARDS, Thomas. The Imperial Archive: knowledge and the fantasy of empire. Londres: Verso, 1993.

RONDINELLI, Rosely Curi. O documento arquivístico ante a realidade digital: uma revisão conceitual necessária. Rio de Janeiro: FGV, 2013.

ROUSSEAU, Jean-Yves; COUTURE, Carol. Os fundamentos da disciplina arquivística. Lisboa: Dom Quixote, 1998.

SOUZA, Willian Eduardo R. de; CRIPPA, Giulia. O patrimônio cultural como documento: reflexões transdisciplinares para novos horizontes na Ciência da Informação. Transinformação, v. 21, n. 3, p. 207-223, 2009.

STOLER, Ann Laura. Os arquivos coloniais e a arte da governança. In: HEYMANN, Luciana; NEDEL, Letícia (Orgs.). Pensar os arquivos: uma antologia. Rio de Janeiro: FGV, 2018. p. 207-236.

ZUÑIGA, Solange Sette G. de. A importância de um programa de preservação em arquivos públicos privados. Registro: Revista do Arquivo Público Municipal de Indaiatuba, ano 1, n. 1, p. 72-91, 2002. Disponível em: https://www.promemoria.indaiatuba.sp.gov.br/arquivos/galerias/registro_1.pdf. Acesso em: 12 jan. 2021.

Downloads

Publicado

2022-04-18

Como Citar

Souza de Menezes, V., & Porto Bozzetti, R. (2022). As coleções especiais sob o domínio das distinções. BIBLOS - Revista Do Instituto De Ciências Humanas E Da Informação , 35(2). https://doi.org/10.14295/biblos.v35i2.12584