OS MÉDICOS NA ATENÇÃO BÁSICA NO SUS: ENCONTROS E DESENCONTROS COM OS GESTORES DE 50 MUNICÍPIOS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Resumen

Trata-se de um estudo qualitativo, de caráter exploratório, de natureza descritiva, que utiliza a análise qualitativa, para investigar as dificuldades no processo de organização dos Sistemas Municipais de Saúde (SIMUS). Para tanto, foram colhidos depoimentos e entrevistas de 50 gestores de saúde das zonas noroeste e sul do Estado do Rio Grande do Sul, durante um curso de qualificação promovido pela Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul, com apoio da 3ª Coordenadoria de Saúde, em dezembro de 2001. Para a análise e interpretação dos dados, utilizou-se a técnica de análise de conteúdo, segundo metodologia proposta por Bardin (1995). A partir de nossas inferências e interpretações, a classificação resultou em diversas categorias. Para exposição neste estudo, escolhemos uma delas – atividades médicas na atenção básica no SUS –, que se fez presente na totalidade das discussões e mostrou-se como ponto nevrálgico dos gestores na organização do Sistema Municipal de Saúde. Nesta categoria destacamse os temas relacionados com o não-cumprimento de horário de atendimento, falta de resolutividade nas consultas, incremento do custo assistencial, excesso de circulação de pacientes no sistema, sobrecarga nos prontos-socorros e serviços de urgência e modelo de cuidado individual preconizado pelas universidades. Detectou-se que esses problemas podem advir da falta de um processo completo de administração de recursos humanos pela quase totalidade dos municípios, que compreenda a contratação, o acolhimento, o acompanhamento, a educação continuada e a participação dos médicos na gestão das unidades. A partir destas constatações, propõe-se uma série de medidas de curto e médio prazo que encaminhem uma melhoria da situação, mudando a cultura dos setores de recursos humanos das prefeituras.