Gira mundos: A Educação Ambiental no mito e o mito na Educação Ambiental

Autores

  • Katia Gonçalves Castor UFES - NIPEEA
  • Martha Tristão Universidade Federal do Espírito Santo

DOI:

https://doi.org/10.14295/remea.v32i1.5007

Palavras-chave:

Cultura, Natureza, Educação Ambiental

Resumo

A Educação Ambiental se constitui na relação entre a natureza e a cultura de modo indissociável das relações de poder e de saber. A pesquisa se enreda na tendência da Educação Ambiental complexa, analisa os modos de fabricação das subjetividades imposta pelo discurso neocapitalista. Investiga a racionalidade herdada da sociedade moderna e explora a lógica dos referenciais afrodescendente, em específico as lógicas presentes nos terreiros da Umbanda. Problematiza o mito na Educação Ambiental e a Educação Ambiental no mito, a partir das orixalidades umbandista. Adota a pesquisa narrativa dialogando com TRISTÃO (2012) e SATO; PASSOS (2013) problematiza os processos de subjetivação a partir de FOUCAULT (1996) e busca capturar os saberes sustentáveis da noosfera umbandista MORIN (2005) influenciada por DELEUZE; GUATTARI (1996). Através das giras, seu principal ritual, evidencia como essas lógicas são acionadas para a fabricação de novos modos de percepção da relação entre a cultura e a natureza. Contribuem no processo de investigação para a produção dos dados, a realização de entrevistas abertas e semiestruturadas; o registro em cadernos de bordo; gravações em áudio e vídeo; fotografias e rodas de conversas em encontros com professores e alunos de uma escola pública próxima aos terreiros, onde problematiza os processos e mecanismos de exclusão e violência, materializados em posturas discriminatórias e de negação da cultura afro-brasileira e como essas experiências são partilhadas pelos professores e alunos no contexto de suas práticas. A aposta metodológica foi criar estratégias de narrar experiências da Educação Ambiental em espaços não formais como os espaços dos terreiros da Umbanda e espaços formais como a escola, através das orixalidades em narrativas, na busca de zonas de confiança e na invenção de encontros mais solidários, por escutas mais sutis e híbridas e de novos sentidos de alianças que dissolvam pontos de vistas e desestabilizem discursos do eixo dominante, como forma de exercício do pensamento para abertura de lógicas silenciadas historicamente. Conclui que lógicas complexas incluem as existências infames e obscurecidas pela lógica oficial. Lógicas complexas buscam ver os efeitos dos modos como nós próprios fomos constituídos. A fé-eco-lógica presente nas orixalidades em narrativas potencializou a desconstrução dos regimes de verdade e subverteu a monocultura de lógicas.

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Biografia do Autor

Katia Gonçalves Castor, UFES - NIPEEA

Professora do Instituto de Ciencia e Tecnologia do Espírito Santo - Campus Centro Serrano -

Martha Tristão, Universidade Federal do Espírito Santo

Professora Doutora do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Espírito Santo

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Publicado

2015-08-04

Como Citar

Castor, K. G., & Tristão, M. (2015). Gira mundos: A Educação Ambiental no mito e o mito na Educação Ambiental. REMEA - Revista Eletrônica Do Mestrado Em Educação Ambiental, 32(1), 172–188. https://doi.org/10.14295/remea.v32i1.5007

Edição

Seção

Artigos