Entre maquinarias e modos de ver e ser vista - a imagem como acontecimento da fada madrinha

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14295/remea.v0i0.11392

Palavras-chave:

Pedagogia Visual, Travesti, Performatividade, Existência.

Resumo

Neste artigo, referenciados nos Estudos Visuais, nos interessa discutir as interpretações engendradas nos processos de transformação do corpo vivenciados por travestis entrevistadas no documentário Bombadeira (2007), de Luís Carlos de Alencar. Ao interrogar, em suas narrativas, determinados modos de apresentação da personagem travesti na cinematografia brasileira, nos centramos no corpo enquanto imagem e produção de significados. Com o documentário, constatamos que as categorias linguísticas não dão mais conta da complexidade imagética contemporânea sobre as travestis. Sua fotografia produziu mundosficcionais em que as travestis são centradas na figura da personagem bombadeira e em seus manuseios do silicone industrial produzindo um núcleo com tripla função: afirmar a existência travesti, apagar as marcas de uma masculinidade indesejada no corpo e produzir a inteligibilidade e o reconhecimento social do gênero feminino.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Claudia Penalvo, Universidade Federal do Rio Grande - FURG

Possui graduação em Pedagogia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (1985) e mestrado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande (2015). Atualmente é diretora - SOMOS - Comunicação, Saúde e Sexualidade e voluntária do Instituto Federal Rio Grande do Sul. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: educação, sexualidades, juventudes, educação em saude e gênero e sexualidade. Doutoranda do PPGEC-FURG.

Marcio Caetano, Universidade Federal de Pelotas - UFPel

Pós-doutor em Educação, com apoio do PNPD-CAPES, no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e sob orientação da Profa. Dra. Conceição Soares, doutor em educação (UFF, 2011), coordenador do Centro de Memória LGBTI João Antônio Mascarenhas (UFPEL/UFES/UFOB). Docente na Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), orienta investigações desenvolvidas nos Programas de Pós-Graduação em Educação e em Educação em Ciências da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).

Alexsandro Rodrigues, Universidade Federal do Espírito Santo

Pós-doutor em Psicologia. Doutor em Educação. Professor Associado I do Centro de Educação da Universidade Federal do Espírito Santo na disciplina: Currículo e Formação docente. Professor Permanente no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Institucional (PPGPSI/UFES). Coordenador do Grupo de Estudo e Pesquisas em Sexualidades (GEPSs/UFES) e do Núcleo de Pesquisa em Sexualidade (NEPS/UFES). Interesses de pesquisa: Produção de subjetividade, infâncias (des)viadas, gênero, sexualidade e processos formativos de professores e trabalhadores culturais

Nilda Guimarães Alves, Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ

Professora titular na Faculdade de Educação/UERJ e Faculdade de Educação/UFF (aposentada em ambas). Atualmente, é Pesquisadora visitante sênior da Faperj, atuando na UERJ, no Programa de Pós-graduação em Educação (campus Maracanã) e no PPGE-Processos Formativos e Desigualdades Sociais (câmpus S. Gonçalo). Ex-presidente da ANPEd (Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação), da ANFOPE (Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação), da ABdC (Associação Brasileira de Currículo) e da ASDUERJ (Associação dos Docentes da UERJ). Organizadora de livros, séries e coleções, com artigos publicados no Brasil e no exterior. Fundadora, em 2001, e coordenadora, até 2014, do Laboratório Educação e Imagem/ProPEd/UERJ (www.lab-eduimagem.pro.br), no qual continua atuando. Trabalha em pesquisas com os cotidianos, articulando currículos, redes educativas, imagens, sons e formação de docentes

Referências

ATALANTA, Vanessa. Bombadeira - a dor da beleza das travestis... Entrevista com o diretor. Site Over Mundo, disponível em: http://www.overmundo.com.br/overblog/bombadeira-a-dor-da-beleza-das-travestis, acessado em 20 de março de 2020.

BUTLER, Judith. Corpos em aliança e a política das ruas: notas sobre uma teoria performativa de assembleia. São Paulo: Civilização Brasileira, 2018.

BUTLER, Judith. Quadros de guerra: quando a vida e passível de luto? São Paulo: Civilização Brasileira, 2015.

CERTEAU, Michel. A invenção do cotidiano: artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 1994.

CORAZZA, Sandra. História da infantilidade: a-vida-a-morte e mais-valia de uma infância sem fim. Porto Alegre: UFRGS-FACED, 1998.

COSTA, Marisa V, SILVEIRA, Rosa H. & SOMMER, Luís Henrique. Estudos culturais, educação e pedagogia. Revista Brasileira de Educação. n 23. p. 36-61, maio/ago. 2003.

DIDI-HUBERMAN, Georges. O que vemos, o que nos olha. São Paulo: Editora 34, 2010.

ELLSWORTH, Elizabeth. Modos de endereçamento: uma coisa de cinema; uma coisa de educação também. In: SILVA, Tadeu. T. da. (Org.). Nunca fomos humanos – nos rastros do sujeito. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.

FOERSTER, Von Heinz. Visão e conhecimento: disfunções de segunda ordem. In:

SCHNITMAN. Dora Fried. Novos paradigmas, cultura e subjetividade. Porto Alegre: Artes Médicas. 1996. p. 59-74.

LE BRETON, David. Antropologia dos sentidos. Petrópolis: Vozes, 2016.

MALUF, Sônia. Corporalidade e desejo: Tudo sobre minha mãe e o gênero na margem. Revista Estudos Feministas, v. 1/2, 2002.

MEDEIROS, Margarida.; CASTRO, Teresa. O que é cultura visual? Revista de Comunicação e Linguagens, n° 47, p 1-7, 2017.

MARTORY, Nathasha. Põe a cara no sol, mona! Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=kvIkULPtIOk. Acesso em: 21 mar. 2020

OLIVEIRA, Inês Barbosa de. Currículos e pesquisas com os cotidianos: o caráter emancipatório dos currículos ‘pensadospraticados’ pelos ‘praticantespensantes’ dos cotidianos das escolas. In: Carlos Eduardo Ferraço e Janete Magalhães Carvalho (orgs.). Currículos, pesquisas, conhecimentos e produção de subjetividades. 1ed. Petrópolis: DP et Alli, 2012, v., p. 47-70.

PELÚCIO, Larissa. Toda Quebrada na Plástica - corporalidade e construção de gênero entre travestis paulistas. Campos (UFPR), Curitiba, v. 06, n. 01, p. 97-112, 2005.

PERES, Wiliam S. Travestilidade Nômades: a explosão dos binarismos e a emergência queering. Revista Estudos Feministas, v. 7, p. 539-547, 2012.

ROCON, Pablo Cardozo; ZAMBON, Jésio; SODRÉ, Francis; RODRIGUES, Alexsandro; ROSEIRO, Maria Carolina Fonseca Barbosa. (Trans)formações corporais: reflexões sobre saúde e beleza. Saúde Soc. São Paulo, v. 26, n. 2, p.521-532, 2017.

SERRES, Michel. Os cinco sentidos – filosofia dos corpos misturados. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.

SIBILIA, Paula. Redes ou paredes: a escola em tempos de dispersão. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012.

SONTAG, Susan. Diante da dor dos outros. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

VILELA, Eugênia. Acontecimento e resistência: As palavras sem centro. In: KOHAN, Walter (Org.) Foucault 80 Anos. Rio de Janeiro: Autêntica, 2003.

WULF, Christoph. Homo Pictor: imaginação, ritual e aprendizado mimético no mundo globalizado. São Paulo: Hedra, 2013.

Downloads

Publicado

2020-07-01

Como Citar

Penalvo, C., Caetano, M., Rodrigues, A., & Alves, N. G. (2020). Entre maquinarias e modos de ver e ser vista - a imagem como acontecimento da fada madrinha. REMEA - Revista Eletrônica Do Mestrado Em Educação Ambiental, 37(2), 205–229. https://doi.org/10.14295/remea.v0i0.11392

Edição

Seção

Dossiê IMAGENS: RESISTÊNCIAS E CRIAÇÕES COTIDIANAS (FIM)