O lugar da natureza: a desconstrução da modernidade em Robinson Crusoé

Autores

  • Alfredo Ricardo Silva Lopes Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
  • Rauer Ribeiro Rodrigues Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

Palavras-chave:

Idade Moderna, História, Literatura, Robinson Crusoé, Crise Ambiental.

Resumo

O romance de Daniel Defoe, Robinson Crusoé, é considerado um marco cronológico e conceitual na definição da modernidade. A obra, publicada em 1719, concentra diversas características da Era Moderna (1453-1789), tais como: a crença no progresso; o domínio da natureza pelo homem; a aceitação social do lucro; a crença na superioridade europeia. Para a crítica literária, a obra de Defoe tem lugar de destaque, e o autor é tido como fundador de uma tradição que instaura na sociedade moderna, com a ascensão do individualismo, o lugar do romance como definidor de sentidos da vida em um mundo onde os determinismos deram espaço ao livre arbítrio. A nosso ver, contudo, seguindo os passos de Bruno Latour em Jamais fomos modernos (1991), a constituição da modernidade precisa ser revisitada em face à atual crise ambiental.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AUERBACH, Erich. Mimesis: a representação da realidade na literatura ocidental. São. Paulo: Perspectiva, 2002.
BECK, Ulrich. Sociedade de risco: rumo a uma outra modernidade. São Paulo: 34, 2010.
CRONON, Willian. Un lugar para relatos: naturaleza, historia y narrativa. In: PALACIO, G; ULLOA, A. Repensando la naturaleza: Encuentros y desencuentros disciplinarios en torno a lo ambiental. Bogotá, Colombia: Universidad Nacional de Colombia-Sede Leticia; Instituto Amazónico de Investigaciones Imani; Instituto Colombiano de Antropología e Historia; Colciencias, 2002, p. 29-65.
CRUTZEN, Paul .J.; STEFFEN, Will. How long have we been in the Anthropocene era? Climatic Change, n. 61, p. 251–257, 2003.
DA COSTA, Jodival Mauricio; RICHETTI, Patricia. O natural e o social na crise ambiental: Reflexões sobre a relação sociedade-natureza. Ecol. austral, Córdoba , v. 21, n. 3, p. 363-368, dic. 2011 .
DEFOE, Daniel. Robinson Crusoé. São Paulo: Cia das Letras, 2001. E-book.
HARTOG, François. Regimes de historicidade: presentismo e experiência do tempo. Belo Horizonte: Autentica, 2015.
HOBSBAWM, Eric. J. A Era das Revoluções: Europa 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.
KOSELLECK, Reinhardt. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto: PUC-Rio, 2006.
LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos: ensaio de antropologia simétrica. Rio de Janeiro: Ed. 34, 2013.
LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas, SP: EdUNICAMP, 1990.
LESSA, Sergio; TONET, Ivo. Introdução a Filosofia de Marx. São Paulo: Expressão Popular, 2011.
LOCKE, John. O Segundo Tratado sobre o Governo Civil. Rio de Janeiro: Ed. Vozes, 2002.
LUKÁCS, Georg. A Teoria do Romance: um ensaio histórico-filosófico sobre as formas da grande épica. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34, 2000.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
PRATT, Mary Louise. Os Olhos do Império. Relatos de viagem e transculturação. Bauru, EDUSC, 1999.
REIS, José Carlos. Teoria & História: tempo histórico, história do pensamento histórico ocidental e pensamento brasileiro. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2006.
SAID, Edward. Cultura e Imperialismo. São Paulo: Cia das Letras, 2011.
WATT, Ian. A ascensão do romance: estudos sobre Defoe, Richardson e Fielding. São Paulo: Companhia das letras, 2010.
WEBER, Max. A ética protestanteco "espirito" do capitalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
WILLIANS, Raymond. Marxismo e Literatura. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.

Downloads

Publicado

2019-07-10

Como Citar

Lopes, A. R. S., & Rodrigues, R. R. (2019). O lugar da natureza: a desconstrução da modernidade em Robinson Crusoé. Revista Brasileira De História & Ciências Sociais, 11(21), 213–230. Recuperado de https://periodicos.furg.br/rbhcs/article/view/10834