Cotidiano e sobrevivência: soldados e marinheiros na Guerra do Paraguai

Autores

  • Maria Teresa Garritano Dourado USP

Palavras-chave:

Guerra. Doenças. Fome. Crimes. Punições

Resumo

A longa duração da Guerra do Paraguai (1864-1870), analisada através de corpus documental expõe de maneira brutal o tratamento dado aos soldados e demais participantes que lutavam não contra o inimigo comum paraguaio e sim pela sobrevivência nos campos de batalha: sem água e alimentos suficientes e adequados, sem instrumental médico-cirúrgico preparado para enfrentar as grandes batalhas que produziam milhares de feridos. Na capital do Império do Brasil e em outros portos das duas capitais aliadas como Buenos Aires e Montevidéu soldados recém-convocados, feridos e doentes transitavam sem qualquer orientação sobre cuidados sanitários e vacinação, disseminando, dessa forma, doenças muitas delas incubadas, que logo seriam transmitidas a milhares de outros soldados e civis nos campos de batalha e nas cidades para onde eram levados para tratamento. A concentração de grande massa de combatentes e não combatentes de um acampamento militar exigiu a necessidade de garantir a ordem e a disciplina. As deserções, os atos de covardia e de insubordinação, os homicídios, as brigas, os roubos, os atentados contra a propriedade, as violações e outros delitos estavam longe de serem raros, muito pelo contrário, eram bastante frequentes e constam numa profusa documentação. Analiso, além da fome e das epidemias, o funcionamento da Justiça Militar em acampamentos dos exércitos e em navios do Império do Brasil onde se viviam sob indispensáveis regras disciplinares, muitas vezes quebradas, privilegiando fontes como memória de combatentes (oficiais e praças) e ordens do dia, entre muitas outras, em arquivos públicos e particulares. Investigo a origem dos batalhões de soldados e marinheiros destinados aos campos de batalhas, bem como o seu recrutamento e estratégias de resistência. Procuro demonstrar que as penalidades eram resultantes diretas da fome e das doenças que grassavam nos acampamentos do exército e nos navios da esquadra imperial, interferindo, de maneira crucial, nos resultados da guerra.

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Biografia do Autor

Maria Teresa Garritano Dourado, USP

Doutora em História Social pela FFLCH/USP, bolsista DCR/FUNDECT/CNPQ/UFGD, autora do livro “Mulheres comuns, senhoras respeitáveis: a presença feminina na Guerra do Paraguai.”

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Publicado

2014-11-20

Como Citar

Garritano Dourado, M. T. (2014). Cotidiano e sobrevivência: soldados e marinheiros na Guerra do Paraguai. Historiæ, 5(1), 98–115. Recuperado de https://periodicos.furg.br/hist/article/view/4809