De celebrado a proscrito:
a produção de sentidos em torno do filme "Independência ou Morte" (Carlos Coimbra, 1972)
Resumo
O governo Médici (1969-1974) organizou um calendário oficial de comemorações para o Sesquicentenário da Independência do Brasil, em 1972. Apesar de não ter sido incluído na programação, o filme histórico Independência ou Morte (Carlos Coimbra, 1972) foi uma celebração extraoficial da efeméride. O objetivo do presente artigo foi explorar a produção de sentidos em torno de Independência ou Morte, publicizados em entrevistas, críticas cinematográficas, matérias de jornal e telegramas. Por meio da abordagem da micro-história em movimento e da análise do discurso, foram analisados os discursos dos realizadores do filme, de representantes do governo Médici e de críticos de cinema. Antes mesmo de ser exibido nas telas de cinema, o longa-metragem já motivava a produção de sentidos legitimadores em torno de sua realização, que enalteciam as proezas técnicas e o caráter educativo da narrativa. Concluiu-se que novos sentidos foram incorporados com o passar das décadas, em especial após a Redemocratização, e Independência ou Morte passou de um filme celebrado para um filme proscrito.