Inventário participativo da Rendas de Bilro dos morros da Mariana, Piauí, Brasil.
Resumo
Ao longo deste artigo apresentamos um inventário participativo do ofício e modos de saber-fazer da Renda de Bilro em Ilha Grande, no Estado do Piauí, em andamento desde 2020. O trabalho tem sido inventariar e construir com e para as rendeiras um plano de salvaguarda desse patrimônio cultural de natureza imaterial. A intenção é inventariar de forma colaborativa, participativa, construindo registros sonoros e audiovisuais, produzir um livro registro e um documentário etnográfico. O lugar dos estudos e intervenções é Ilha Grande, antigo Morros da Mariana, um dos dez municípios que integram a Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba, no Meio Norte do Brasil. Ilha Grande é a porta de entrada para o Delta do Parnaíba, o único a desaguar em mar aberto das Américas. Trata-se de uma localidade remanescente de povos originários, detentora de um rico e complexo patrimônio cultural, com destaque para as artes de pesca artesanal e a renda de bilro, presentes na Ilha desde a colonização portuguesa no século XVI, consideradas uma das mais antigas e ricas manifestações de arte em linha, a renda e a rede de pesca. Na renda há a manipulação de bilros, sobre uma almofada cilíndrica por mãos habilidosas de mulheres com exímia delicadeza. Estamos a usar como metodologia a pesquisa social aplicada, qualitativa, participativa no campo do patrimônio cultural imaterial e museologia, reconhecendo a importância da salvaguarda desse ofício e modos de saber-fazer. Vale referenciar que adaptamos as fichas Manual do Inventário Nacional de Referências Culturais, uma metodologia do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, para a construção do Inventário; estamos a dialogar com autores que se dedicam ao campo do patrimônio e museologia: Varine (2013), Londres (2012), Leite (2016), Pinheiro (2015), dentre outros autores de referência na pesquisa social, participativa, como: Thiollent (2011), Brandão (2006). Usamos também a história oral, que privilegia a realização de entrevistas com pessoas que participaram ou testemunharam acontecimentos, conjunturas, visões de mundo, como forma de nos aproximar do objeto de estudo, como nos informa Alberti (2005); Portelli (1997). Como técnicas estamos a realizar rodas de conversas, que nos permitirão trabalhar e registrar memórias, experiências vividas de geração em geração.