“NÃO CABIA TODO MUNDO...”:
a educação patrimonial na ressignificação do valor simbólico da Casa da Feitoria
Resumo
O presente artigo discute processos de identificação e sua relação com a preservação do patrimônio e a educação patrimonial. Parte-se do pressuposto que o valor simbólico do patrimônio cultural é construído a partir dos referenciais histórico culturais que são valorizados e salvaguardados em locais específicos, como os Museus, que a educação patrimonial possui uma relação íntima com a construção destes sentidos simbólicos e que estes são responsáveis pelos processos de identificação da comunidade. A pesquisa desenvolveu-se por meio de um estudo de caso que analisou as relações estabelecidas entre a comunidade local, formada em sua maioria por descendentes de imigrantes alemães e afrodescendentes, e o Museu do Imigrante, patrimônio estadual que ruiu em 2019. Para tanto, a metodologia de pesquisa desenvolve-se a partir da bricolagem (MEYER; PARAISO, 2014) e utilizou-se de entrevistas compreensivas, análises bibliográficas e visitas de campo. Como resultados, constatou-se que as relações dos entrevistados com este lugar de memória divergem de acordo com a fala de cada grupo social. A unanimidade em suas narrativas dizem respeito, no entanto, ao interesse comum em viabilizar este espaço construindo e reforçando processos de identificação da comunidade para com este patrimônio. A educação patrimonial pode, portanto, ser uma importante ferramenta para a apropriação deste bem cultural, numa perspectiva de resistência à homogeneização cultural e aos processos de espetacularização das cidades.