A literatura como uma experiência perigosa

Autores

  • Luciana Abreu Jardim Universidade Federal do Rio Grande (PNPD-CAPES/FURG)

Palavras-chave:

literatura, desconstrução, experiência, héréthique

Resumo

Trata-se de pensar a literatura desde propostas escolhidas do pensamento de Jacques Derrida acerca da experiência literária. Busca-se, como ponto de partida, a aproximação entre literatura e testemunho, com base em Demorar: Maurice Blanchot/Jacques Derrida, de modo a desenvolver a relação entre as categorias paixão e tempo a partir do texto híbrido O instante de minha morte, de Maurice Blanchot. Ao lado dessa paixão literária derridiana, percorro o tema desde as minhas escolhas literárias, a saber, o texto experimental Água viva e o conto “Mineirinho”, de Clarice Lispector. Seguindo a dimensão ética-estética de abordagem, que inclui a experiência escrita feminina, me desloco também para aspectos que compreendem a héréthique, segundo a teoria de Julia Kristeva, cujo desdobramento localizo sobretudo no artigo “A paixão segundo a maternidade”, de O ódio e o perdão. Sob a perspectiva da temporalidade feminina, a intenção é a de ampliar o debate ao redor da literatura, abrindo o debate para repensá-la como experiência perigosa desde a experiência literária escrita por mulheres.

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Publicado

2019-09-09

Como Citar

Jardim, L. A. (2019). A literatura como uma experiência perigosa. Cadernos Literários, 25(1), 81–94. Recuperado de https://periodicos.furg.br/cadliter/article/view/9387

Edição

Seção

Dossiê Literatura e Filosofia